Hoje falei de ti na terapia... De ti... De mim... De nós... De ti em mim... Causaste muitos estragos por aqui, sabes? Não, não sabes. Não sonhas, sequer. Mas causaste, sim.
Não te culpo por isso. Como em tudo na vida, culpo-me a mim.
Culpo-me pelo que fiz, pelo que não fiz, pelo que disse, pelo que deveria ter dito e calei.
Culpo-me por não ter deixado as coisas bem resolvidas.
E, não me podendo culpar por isso, irrito-me por sonhar contigo. Por sonhar contigo quase todas as noites nos últimos tempos. Sem saber porquê. Sem perceber.
Não sonho sequer que estamos juntos. Sonho contigo, apenas. Apareces e desapareces. São sonhos. Sonhos em que eu e tu somos personagens. São sonhos. Só isso.
Mas sonhos de que me lembro ao acordar. E sonhos que me fazem desejar ter deixado tudo resolvido. Tudo dito. Sonhos que demonstram, talvez, a minha necessidade de closure.
Em relação a ti e a tudo.
É isto que me chateia na terapia. É o remexer no passado. É o reviver dos erros. É a necessidade de, dentro do possível, os emendar.
Mas, convenhamos, o passado já lá vai e há coisas que ficam muito bem lá quietinhas!... Já que não as podemos mudar, mais vale não lhes mexer.
Tu és uma dessas coisas.