Será que é desta que a casa se começa a parecer com uma casa?
Será que é desta que a casa se começa a parecer com uma casa?
E a minha relação com os blogs foi sempre muito possessiva. O meu blog, que não era um blog (mas isso agora pouco interessa), sempre foi meu. Meu, e de algumas amizades que foram surgindo pelo mundo virtual fora. Mas vivíamos felizes assim, no nosso anonimato, numa espécie de alter-ego virtual. Em que eu escrevia, escrevia, escrevia. Escrevia compulsivamente e não me preocupava nada com o que os outros pensavam. E escrevia bem. Mas agora não consigo. Deixei de conseguir escrever e até já aqui falei sobre isso. E isso perturba-me. Porque detesto pensar que possa ter perdido a capacidade de escrever. Por outro lado, acho que o cerne da questão está no facto de eu não conseguir escrever sobre o meu dia-a-dia, sobre a minha vida, sobre o quotidiano e as coisas normais. Nunca foi sobre isso que escrevi. Deve ser por isso que não consigo agora fazê-lo.
Mas é bom ter o Outono de volta. Gosto do frio e da chuva, dos casacos e das botas. E já não era sem tempo!
Mas com a chuva voltam as minhas dúvidas quanto ao meu carrinho. Carros velhos e chuva não combinam. Mas ainda não estou nada convencida quanto à troca.
Dormi (muito) pouco porque cheguei (muito) tarde do emprego nº2, e tive de acordar cedo para vir para o emprego nº1. Tive dois pesadelos horríveis. Aliás, a sensação que tenho é que dormi pouco e o tempo que dormi foi todo passado com pesadelos. Um deles era digno de um argumento para um filme de terror de classe B. Acordei com uma neura enorme, completamente apática e sem vontade nenhuma de vir trabalhar.
Quando aqui cheguei e parei o carro ainda ponderei, ao tirar a chave da ignição, voltar a ligá-lo, arrancar, e desaparecer. Mas claro está que esta ponderação durou uns bons três segundos.
Ando stressada, cansada, ansiosa, com mil e uma coisas na cabeça. Há uma série de coisas que preciso de ver resolvidas para voltar a ter calma. E não estou a conseguir resolvê-las. A ver vamos.
A juntar a isto, há uma crescente saturação em relação ao meu emprego nº1. A vontade de vir trabalhar é cada vez menos. E ainda faltam seis meses até ao fim do estágio. Estou cansada. Desde Janeiro que não sabia o que era ter o fim-de-semana livre, ou ter mais do que uma folga por semana. Quando voltei da lua-de-mel deram-me uma inovação: tenho mais uma folga, que calha ao Domingo. Menos mau. Continuo sem saber o que é ter um fim-de-semana livre, mas voltei a poder participar no almoço de família semanal. Mas isso implica trabalhar nove horas ao Sábado e à Segunda-Feira. E são mesmo nove horas. Não são nove horas com uma hora de almoço pelo meio. Não. O máximo que eu posso parar de trabalhar são 15 minutos, e bem contadinhos porque senão pode haver problemas. É isto que me cansa. Trabalhar nove horas, infelizmente, muita gente trabalha. E, se calhar, muitos dias seguidos. Mas cansa-me não parar. Não espairecer. Não ver a luz do Sol. Cansa-me só poder parar por quinze minutos (para ir à casa-de-banho e comprar qualquer coisa para comer) e ter de o fazer a correr, sempre a olhar para o relógio. Cansa-me. E cansa-me não ter um fim-de-semana livre. Cansa-me não saber o que são feriados. Cansam-me os fins-de-semana grandes das outras pessoas, que para mim são fins-de-semana iguais aos outros em que eu estou a trabalhar. Perdoem-me a inveja, mas cansa-me. Tudo isto me cansa cada vez mais.
Mas depois, em dias de mais Sol do que o de hoje, eu dou-me por feliz porque tenho este emprego, tenho este estágio e este ordenado. E, nesta altura, isso é muito. E dou-me por feliz porque, todos os dias, chegam à minha caixa de e-mail dezenas de anúncios de emprego, e nenhum é na minha área.
E, há falta de melhor, vou-me aguentado. Uns dias mais iluminados, uns dias mais negros, vai-se andando e vai-se fazendo. Mas eu acho que sou muito melhor do que "ir-se fazendo" e a sensação de que estou aqui a desperdiçar as minhas capacidades vai crescendo. E a insatisfação. E a desmotivação. Até quando?...