Já voltei a correr. E soube-me bem. Soube-me mesmo bem.
Senti-me mais leve e voltei a correr a um ritmo a que já não corria desde as Fogueiras (em Junho, portanto). Não se entusiasmem, que estamos a falar de um ritmo de 6'05. Diz o provérbio que "quem nasceu para lagartixa nunca chega a jacaré", pois eu digo: quem nasceu para tartaruga, nunca chega a lebre.
A verdade é que, nos últimos tempos, só me preocupava em fazer mais e mais quilómetros, sempre a um ritmo (ainda) mais lento. Tentava sempre manter-me no ritmo que previa manter no dia 5. E deixei de fazer treinos mais rápidos, ou em que o tempo fosse uma grande preocupação.
Mas agora deixei de ter essa preocupação. Deixei de ter essa pressão. Porque era uma pressão. Uma pressão que agora desapareceu. Deixei de ter um plano de treinos a pressionar-me, deixar de ter a obrigação de correr quatro vezes por semana (o que raramente fazia e o que me deixava sempre a sentir-me culpada), deixei de ter um objectivo de quilómetros semanais. Deixei de não poder combinar coisas à sexta-feira à noite porque tinha de ir correr, nem ao sábado à noite porque domingo era dia de treino longo.
Sim, tudo isto é exagero da minha parte. Mas, na minha cabeça, era assim que me sentia.
E isto não era correr. Era uma obrigação. E eu já tenho um trabalho que é uma obrigação, já tenho uma casa para manter que é uma obrigação, já tenho uma família de gente doida que é uma obrigação (brincadeira!). Já tenho obrigações que bastem. E correr não pode ser uma obrigação. Não podia.
Mas correr voltou a ser um prazer. Agora posso correr quando quero, os quilómetros que quero, ao ritmo que quero. E, melhor ainda, posso não correr de todo, se for essa a minha vontade. E, eventualmente, até vou mesmo correr 4 vezes por semana. Mas porque me apetece. Porque me sabe bem. Porque me faz bem. E não porque um-plano-malvado-e-diabólico-a-isso-me-obriga.
Posto isto, é hora de voltar a correr só porque sim. É hora de voltar a melhorar o ritmo, para me voltar a aproximar dos meus tempos aúreos. E estou inscrita para a São Silvestre de Lisboa e Fim da Europa. E hoje fiz a Corrida do Aeroporto. E daqui a duas semanas vou voltar aos trails.
Que se desengane, quem achou que eu ia parar por causa disto!... (eu mesma, leia-se...)
A parte mais importante numa Maratona é a mental. Podes estar muito bem fisicamente mas se a mente não estiver focada ali, esquece, enquanto o inverso já é possível.
ResponderEliminarPor este artigo prova-se que até podias fisicamente estar capaz mas não estavas focada na Maratona.
Por isso, o que te aconselho é pensares numa quando muito a desejares. Quando não consideres ser um sacrifício, ou um peso como chamas. Quando dedicares-te meses a uma causa, por convicção. Esse é o momento certo para a distância mítica :)
Beijinhos e força para os teus próximos desafios!
"Por isso, o que te aconselho é pensares numa quando muito a desejares." Já me tinhas dito algo deste género há muito tempo atrás e, ao longo do percurso, várias foram as vezes em que me lembrei das tuas palavras. Claramente, este não era o momento certo.
EliminarObrigada, mais uma vez, pelas tuas palavras!
Beijinhos
Faço um comentário muito semelhante ao do João. Se este fosse o momento certo para a Maratona, não estarias a ver os treinos e o plano como uma obrigação. Irias estar a dizer raios e coriscos dos treinos longos na mesma, mas sempre com o foco no prazer que seria completares a prova e atingir um objectivo.
ResponderEliminarO timing não era este. Pode até nunca ser e isso não faz de ti melhor ou pior pessoa, melhor ou pior atleta. O certo é que (se) quando for a altura, tu saberás.
Beijinhos! :)
Fico então à espera de saber, se esse momento algum dia chegar :)
EliminarObrigada! Beijinhos