A vida vai-nos ensinando coisas. Às vezes mais, outras menos. E a vida vai-nos dando ferramentas. E estratégias. E armaduras. A vida vai-nos dando muitas coisas.
Nem sempre nos sai barato. Nem sempre é fácil. Diria mesmo que, na maior parte das vezes, é muito difícil. Na maior parte das vezes, estas coisas que a vida nos dá custam-nos, elas próprias, pedaços de vida, pedaços de pele, lágrimas e suor. Ninguém dá nada a ninguém, certo? A vida também não dá sem levar em troca. Mas na verdade, não tem grande importância. Que a gente aguenta. A gente aguenta muito. E chegar à meta sem arranhões e cicatrizes, não deve ter piada nenhuma.
Entre as coisas que a vida já me deu, deu-me uma capacidade (ainda em desenvolvimento), de dar um passo atrás, respirar fundo, e aguentar. Como quem se agarra a um mastro, num veleiro no mar alto, em plena tempestade. Eu aguento-me, respiro, e espero que a tempestade passe.
Nem sempre, claro. Que muitas vezes há em que teimo contra o mar, que remo contra a maré, que acredito (tolamente!) que tenho mais força que as ondas.
Mas tenho feito alguns progressos. E já há situações em que me aguento.
Como agora. Confrontada com algo que me magoa passou-me pela cabeça enfiar-me na cama a chorar baba e ranho. Também me passou pela cabeça desatar a rogar pragas e a dizer nomes feios. Por último, decidi-me por debitar aqui estas palavras.
Escrever é do mais terapêutico que há para mim. Sempre foi.
E tenho a certeza que vou fechar isto, vou fumar o meu cigarro e quando me for deitar vou estar mais leve. Muito mais leve.
Porque a vida também me deu a capacidade de perceber que depende unicamente de mim permitir que alguém me magoe. E, confesso, não me apetece ser mais magoada.
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