sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Dos filmes que não queremos rever...

Fez ontem um ano que escrevi este post

Na altura, sabia que não era o fim do Mundo, mas parecia.

Hoje, sinto-me a viver um filme muito parecido. Há demasiadas circunstâncias demasiado parecidas e eu acordo cada dia a pensar qual será o dia em que o fim do Mundo se vai repetir.

Eu sei que também há muitas circunstâncias completamente diferentes, mas é inevitável fazer comparações, é inevitável ter medo, é inevitável que as minhas fragilidades venham ao de cima e me façam temer que volte a acontecer tudo outra vez.

Não está a ser um mês fácil. Está a ser um mês difícil de acabar. Está a ser um mês com muitas emoções contraditórias. Continuam os apertos no peito, que se misturam com uma ânsia infinita de viver, de sorver cada momento, de agarrar cada instante para que não perca nada do que me está a acontecer. Continua o medo das vidas que a volta dá, de que me tirem o tapete, de que me dêem um novo abanão, de que esteja somente a caminhar sobre um lago de gelo muito fino que se vai quebrar a qualquer momento. Continua a bipolaridade entre querer viver cada dia deste pequeno mês e o querer que ele passe muito depressa.

Faltam 12 dias para o meu (não) aniversário. Ainda não decidi nada. Ainda não combinei nada. Tal é a estranheza, que já houve quem me ligasse a perguntar o que é que estou a pensar fazer. Este ano não há convites antecipados, não há planos com semanas de antecedência, não há ementas, não há temas. Este ano há apenas o desejo de que esse dia não exista.


Dos sítios onde eu (não) vou...

Não vou a Sevilha. Não interessam bem os motivos, mas não vou. Estou meio triste com isso mas não é o fim do Mundo. Fico feliz por quem vai. Muito.

Vou aproveitar para ter um fim-de-semana mais calmo (coisa que já não acontece há algum tempo), tenho dois trabalhos da faculdade para fazer, e Domingo vou com uma das equipas em que corro participar em mais uma prova do Grande Troféu de Oeiras. Consta que o percurso é difícil... E consta também que eu não tenho treinado nada de jeito, pelo que a coisa promete. Mas vamos tantos e vai ser tão giro, que vai valer pela festa!

E já só penso no Porto. O trabalho está o caos. O mestrado o caos está. E eu preciso mesmo de sair daqui por uns dias.

Falta uma semana e um dia!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Do ar que me falta...

Gosto deste acordar lento, do saber que estás ali, do sentir o teu calor junto a mim.

Não gosto deste aperto no peito, desta falta de ar, do não saber por quanto tempo ali estarás.

Gosto do que me fazes sentir, do que me dizes, do que não me dizes mas que me deixas adivinhar.

Não gosto desta ansiedade, deste medo, deste nó na garganta.

Gosto de ti.

Não gosto de não saber lidar com isso.

Desculpa.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Dos sítios onde eu vou...

E, de repente, Fevereiro, este mês tão pequeno e tão curto, vai ter duas viagens: Sevilha e Porto.

A ida a Sevilha já tinha estado em cima da mesa, já tinha deixado de estar, e este fim-de-semana ficou decidida e confirmada, de forma meio impulsiva. Não vou fazer a Maratona, mas vou dar apoio e fazer claque por quem vai. Talvez faça uns km também. Não quero sequer imaginar a sensação, o espírito, o ânimo. Mal posso esperar!

Já o Porto, é um destino que tem vindo a ser adiado há demasiado tempo. É desta. Havendo falta de orçamento para ir para fora nos meus anos este ano, pareceu-me uma excelente opção. Vão ser quatro dias que espero que sejam maravilhosos. Expectativas altas. Muito altas.

Mais uma vez, sou uma privilegiada. Mais uma vez, sinto-me muito grata por poder fazer estas coisas. Mais uma vez, sei que sou uma sortuda pelas pessoas que tenho à minha volta.

E que nunca me esqueça disso.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Do meu eu racional...

A palavra do ano é emoção, mas a minha palavra é razão.

Vai ser sempre. Sou como sou.

Tento trabalhar isto. Tento deixar-me ir. Faço um esforço, um grande esforço, para ser menos complicação e mais simplificação.

Tento não racionalizar cada coisa. Tento não dissecar cada passo. Tento não analisar tudo como se visse o Mundo pela lente de um microscópio.

Tento. Tento muito.

Às vezes, consigo. Às vezes, não consigo.

Se eu não conseguir, se eu te fugir (e eu vou fugir), que tenhas a força para não me deixar partir.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Do Fim da Europa...

Ah! O Fim da Europa!...

Tanta coisa para dizer e não sei bem como...

Eu já tinha por aqui dito que a minha confiança estava em níveis abaixo dos mínimos. E estava. Com o aproximar da prova não melhorou nada, porque não consegui treinar grande coisa, e o pouco que treinei, não correu muito bem. Ia para uma prova de 17km, sendo que a última vez que tinha feito mais do que 10km, tinha sido na última meia, no início de Dezembro. A juntar a isso, a dificuldade da prova e das suas subidas, coisa a que não estou minimamente habituada (viva o Passeio Marítimo, sempre plano!). A juntar ainda, a probabilidade de chuva.

O meu estado de espírito na véspera da prova não era o melhor, estava muito cansada depois de uma semana de loucos que culminou com aulas no Sábado, não me estava a sentir muito bem, mal consegui jantar e dormi pouco. Domingo acordei pior (vou poupar-vos os pormenores muito gráficos mas digamos que passei bastante tempo na casa-de-banho), e quase não consegui comer de tão enjoada que estava. Isto são nervos, pensei eu. Vontade de correr a zero. Ansiedade a mil. Viagem para o Cabo da Roca em modo acelerado, porque com isto tudo acabei por me atrasar a sair de casa e tinha combinado com o grupo (e com quem tinha os dorsais) às oito.

Mesmo sem conseguir comer, o meu ânimo lá foi aparecendo, e os nervos foram acalmando. Viagem até Sintra. Caminhada até ao centro da vila, com paragem estratégica na Sapa (e não foi para comer queijadas, mas podia...). Obriguei-me a comer uma panqueca que tinha levado e uns frutos secos, porque sabia que era um disparate ir fazer 17km de estômago vazio.

Deixei a tralha toda e a roupa em excesso na carrinha que ia levar os bens dos atletas para a meta e acho que foi aí que me caiu a ficha. Fomos em grupo para junto da partida, fui encontrando gente conhecida, e comecei a entrar no espírito. Ia mesmo acontecer. Eu ia mesmo fazer aquela prova. Eu ia mesmo fazer aqueles 17km.

Tinha passado os dias anteriores a mentalizar-me que ia lá passear, ia aproveitar a vista, ia sem pressas, sem pressões. Tinha o meu objectivo de tempo definido, bastante vergonhoso, diga-se, mas era bastante realista, face à minha condição. Últimas despedidas, muitos sorrisos, e ouve-se o tiro de partida. Despedi-me de quem estava comigo (eu era a mais lenta do grupo - é o que dá ir correr com 9 homens que, efectivamente, correm...) e deixei-me ir no meu ritmo.

Desta vez, nem música levei. Foi a primeira vez que fiz uma prova sem música. E sabem que mais? Sobrevivi! E nem sequer senti falta! Eu sei que esta era uma prova atípica, mas, a verdade é que acho que vou começar a correr assim. Mais leve, mais focada.

O início da prova é complicado, começamos sempre a subir, e eu estava muito consciente da importância de me poupar nos primeiros quilómetros, sobretudo porque não estava a 100% e sabia que a qualquer momento o meu corpo podia fazer das suas e obrigar-me a parar. E foi isso que fiz. Muita gente conhecida foi passando por mim, sempre com uma palavra simpática, sempre com uma palavra de força, e eu lá continuei no meu ritmo de lontra. Sempre tranquila. Sempre sem pressões.

A prova foi difícil. Foi. Caminhei muito em muitas partes do percurso. Não quis saber. Nunca caminhei sozinha, isso é certo. E limitei-me a ouvir o meu corpo e a ir fazendo o que me apetecia. Mais uma vez, sem pressões. O tempo não estava grande coisa. Não choveu, propriamente, mas estava imenso nevoeiro e tanta humidade no meio da serra e das árvores, que parecia que estava a chover. Houve alturas em que tive muito frio e sentia-me muito desconfortável - é o que dá correr devagar. Fiz os primeiros 10km muito lentamente. Mesmo muito lentamente. Comecei a olhar para o relógio e a fazer contas. Comecei a achar que tinha feito aquele troço demasiado devagar e não ia conseguir cumprir o tempo que tinha definido na minha cabeça. A boa notícia é que ia começar a parte da prova que era sempre a descer. A má notícia é que ainda faltavam 7km e não podia correr o risco de acelerar demasiado e depois quebrar antes de chegar ao fim. Fui gerindo o esforço, fui baixando a média, e quando faltavam 2km, o meu rosto iluminou-se quando vi quem voltava para trás para me fazer companhia até à meta.

Consegui chegar ao fim, viva e inteira, e fazer menos um minuto e pouco do que tinha definido. Estava de rastos. Mas sentia-me tão bem! Tinha sido capaz. Depois dos nervos todos, depois do meu corpo a não colaborar, depois dos medos e inseguranças. Tinha conseguido!

Uma das primeiras coisas que disse quando cheguei ao pé do grupo foi que dificilmente me voltavam a apanhar naquela prova. Sentia-me demasiado desgastada. Estava muito desconfortável e nem o chá quente que ofereciam no final, me aqueceu. Juntem a isto uma caminhada de quase 3km, sempre a subir, para regressar ao carro, e imaginem o meu estado de espírito.

Deixei passar uns dias, deixei a "poeira" assentar, e agora, ao escrever isto, a perspectiva é diferente. Vou querer voltar, sim. Foi a prova com melhor ambiente que já fiz. De longe. Perdi a conta às pessoas que se meteram comigo (é o que dá ter uma camisola personalizada com o meu nome e com o nome da empresa pela qual corro - que não é a minha -, que se presta a algumas piadas), foram muitas as palavras trocadas, os sorrisos, os incentivos, as gargalhadas conjuntas com perfeitos desconhecidos. Apesar do frio e do nevoeiro, e de não ter visto nenhuma vista espectacular porque a visibilidade devia rondar os 20 metros, o ambiente no meio da serra é maravilhoso e único.

Vou querer voltar, sim. Porque sei que podia ter feito tão melhor!... Não estava a 100%, por um lado, e "engonhei" muito, por outro. Consta que entre quem acabou a prova depressa e esperava por mim na meta, fui apelidada de "ronhas", precisamente por já saberem que eu sou capaz de muito mais do que aquilo que faço e que sou muito queixinhas. E sou! Sou princesa mimada!... E eles têm razão... Eu podia ter feito bem mais, e acabei a prova com uma sensação agridoce. Sim, consegui. Mas sim, devia ter feito mais e melhor. É também esta frustração que me leva a querer voltar para o ano. Mas não digam a ninguém, que eu fartei-me de refilar com quem me convenceu a ir!...

Próximo grande objectivo? Meia-maratona de Lisboa.



(anda uma pessoa a estudar para, entre outras coisas, aprender a escrever no mundo online, e depois sai-se com um testamento que quebra todas as regras...)

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Dos meses...

Fevereiro, que hoje começa.

Que é o meu mês. O mês em que eu (não) faço anos.

Gosto de Fevereiro. Gosto que seja meu. Gosto que seja o mais pequeno de todos os meses, que passe sempre a voar, que anuncie, tantas vezes, o adeus ao frio e à chuva e o olá a dias melhores, a dias maiores.

Em 2016, Fevereiro foi o mês mais difícil para mim. Foi o que mais custou. Foi o que mais doeu.

E eu vejo tantas semelhanças entre este Fevereiro e o Fevereiro de há um ano atrás, que tenho medo. Tenho muito medo. 

Começo a questionar tudo. Começo a pôr em causa. Começo a boicotar-me.

Vejo o mesmo cenário que via há um ano atrás, e temo que se repita o mesmo filme de há um ano atrás. E sei, ainda que me digam o contrário, que não ia suportar passar pelo mesmo outra vez. Ninguém aguenta viver duas vezes a mesma dor.

Aguardo ansiosa cada novo dia deste mês. Conto cada dia que passa e somo mais um aos que já acabaram. Quero aproveitar cada dia deste mês. Mas quero que este mês acabe sabendo que lhe sobrevivi.

Quero, preciso, que Fevereiro seja um mês bom. Quero que cada um destes 28 dias que hoje se iniciam, seja um dia feliz. E quero, acima de tudo, chegar a dia 28 a sentir-me estupidamente feliz.





É pedir demais, eu sei. Mas sonhar (ainda) não paga imposto.

Os devaneios Agridoces mais lidos nos últimos tempos...