quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Do sítio onde eu estou... Que é o mesmo onde já estive...

Há um ano atrás, mais dia, menos dia, estava no mesmo sítio onde estou hoje.

Assustam-me as semelhanças. Assustam-me as diferenças.

Tento fugir das comparações, mas é mais forte do que eu. Tento pensar que cada dia, é um dia. 

Quero respirar, ter calma, dar um passo de cada vez, manter alguma serenidade no meio desta inquietude. Quero ficar, quero ir, quero caminhar, quero correr. Quero seguir em frente, quero voltar para trás.

Tenho muito medo de estar a viver o mesmo filme outra vez. Exactamente o mesmo filme, dadas as semelhanças. E sei, com cada vez mais certezas, que não aguento passar pelo mesmo outra vez. Cresci, aprendi, tornei-me mais forte e mais resistente, mas não suportaria passar pelo mesmo outra vez.

Se 2015 foi o ano que acabou comigo no fundo do poço, 2016 foi o ano que começou comigo a ir lá parar outra vez.

E eu quero, quero muito, que 2017 seja diferente. Quero um 2017 sereno. Preciso de um 2017 sereno. Só isso.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Das dúvidas matinais...

No livro que vinha a ler esta manhã no comboio, um dos personagens dizia a outra personagem, depois de assinarem o divórcio, qualquer coisa como: Finalmente conseguiste o que querias. Ficar sozinha. 

E eu dei comigo parada durante uns segundos a pensar sobre isto. A olhar para mim e a pensar sobre isto.

É, para mim, inevitável perguntar-me se não é isso que eu quero: ficar sozinha. Por mais que busque companhia, mais tarde ou mais cedo, no fim do dia, eu quero ficar sozinha. Se é o meu destino? Se é a isso que estou condenada? Não sei. Mas é o que, inevitavelmente, acaba por acontecer.

E eu gosto de estar sozinha. 

Começo a fazer planos para a viagem que, eventualmente, farei nos meus anos, e a dúvida é óbvia: sozinha ou acompanhada? E a resposta parece-me muito mais que seja sozinha, do que acompanhada.

Ao mesmo tempo, isto preocupa-me. E se eu não souber mais o que é estar acompanhada? E se eu não voltar a ser capaz de estar numa relação? E se eu estiver de tal forma estragada, arruinada, que não terei mais a capacidade de ter alguém ao meu lado?

Não sei o que me assusta mais: se a perspectiva de ficar sozinha, se a perspectiva de estar acompanhada.

Deixo-me ir. Com o tempo. Com o correr dos dias. Tento não pensar demais. Tento viver. Tento aproveitar. Tento ser feliz. Tento que a vida me dê as respostas de que preciso e que não encontro em mim. Tento não estragar tudo, uma e outra vez.

Mas cansa. Cansa e assusta. E eu volto ao ponto de partida. Fechada na minha bolha. Só um bocadinho. Só mais um bocadinho.

domingo, 25 de dezembro de 2016

Do Natal...

O que retirei deste Natal, acima de tudo? Que, no próximo ano, não quero vivê-lo assim.

Este Natal foi difícil para mim. Por coisas minhas, leia-se. Tenho a sorte de ter estado com a família toda junta, coisa que já não acontecia há alguns anos, e correu tudo bem.

Mas, a partir de certo momento, tudo aquilo deixou de fazer sentido. Todo o stress, toda a pressão, toda a pressa, todo o consumismo. 

Tudo isso deixou de fazer sentido quando soube aquilo que este amigo ia fazer: passar a noite de Natal, sozinho, pelas ruas de Lisboa, a distribuir presentes pelos sem-abrigo. E, de repente, toda aquela montanha de comida e de presentes, deixou de fazer sentido. De repente, eu olhei para o Natal de uma forma que nunca tinha olhado.

Não imagino a dor de alguém que, pela primeira vez, não tem Pai nem Mãe para comemorar o Natal. Mas também não imagino a grandeza de alguém que opta por abdicar de tudo, para fazer o bem aos outros.

Ontem senti-me muito pequena. Ontem senti-me inútil. Ontem chorei muito. Ontem disse que para o ano não queria mais presentes. E não quero. Não vou querer. Não sei o que vou querer, mas, no próximo Natal, vou querer fazer diferente.

Quero que o próximo Natal seja mais praticar o bem, seja mais família, seja mais amor, seja mais união, e seja menos consumismo e menos stress e menos pressão.

Quero que o próximo Natal seja a verdadeira comemoração do quão privilegiados somos. Porque somos. E todos os dias nos esquecemos disso.

sábado, 24 de dezembro de 2016

Das cartas que eu escrevo...

Querido Pai Natal,

Eu sei que é em cima da hora, mas os últimos tempos têm sido muito agitados e só agora te consegui escrever.

Mas não te preocupes que o meu pedido é muito simples (ou não, mas tu lá saberás...).

Este Natal não quero roupas, não quero sapatos, não quero jóias, não quero livros, não quero sequer chocolates. A única coisa que eu quero este Natal é a certeza de que daqui a um ano as minhas pessoas continuarão à minha volta. Só isso. Só o poder passar mais um ano com todas as pessoas que me são mais importantes. Mais nada.

Obrigada,

Agridoce

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Das respostas às perguntas que ecoam na minha mente...


Ontem, quando elogiaste o meu novo corte de cabelo e eu não quis saber.

Ontem, quando insististe três vezes para que ficasse mais um pouco em tua casa e eu te disse que não.

Ontem, quando quase te obriguei a levares-me à porta porque não suportava mais estar na tua presença.

Ontem, quando em mim algo se iluminou e eu tive a certeza de que não quero perder o meu tempo com alguém que não é capaz de se decidir a estar comigo.

Ontem, quando me despedi de ti, de aperto no peito mas sorriso nos lábios, sem saber se te voltarei a ver.

E tenho pena. Tenho mesmo muita pena. Gosto muito de ti. Mas gosto mais de mim.


sábado, 17 de dezembro de 2016

Das linhas que separam o que jamais poderá ser unido...

Há em mim uma Agridoce que me diz que o que eu preciso é de quem me equilibre. De quem tenha o que eu não tenho. De quem seja o oposto de mim. De quem seja o porto seguro e sereno que me falta. De quem seja a emoção que eu não sou.

Mas há em mim uma Agridoce que me diz que o que eu preciso é de quem me abane. De quem seja igual a mim. De quem me desconcerte, dias após dia. De quem se atire comigo para a tempestade. De quem seja tão racional quanto eu.

Se eu não fosse Agridoce, não sei o que seria.


sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Do que eu precisava mesmo...

Precisava de pegar em mim este fim-de-semana e isolar-me do Mundo. Fechar-me na bolha. Sem pessoas, sem telemóvel, sem e-mails, sem redes sociais. Precisava de olhar para mim, para o que eu quero e o que eu preciso. Precisava de me fechar, para me poder voltar a abrir.

Precisava, mas não vai acontecer. O caos à minha volta acumula-se, eu adiciono todos os dias um bocadinho mais, e não sei onde isto vai parar.

Sonho com as próximas férias. Sozinha. Longe daqui.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Das músicas que partilham comigo... - I


Desconhecia o artista. Enviaram-me a música, já tarde, com a mensagem "Para ouvires amanhã e ficares bem-disposta quando acordares". Como calhou de essa ser mais uma noite de insónias, eram quatro e meia da manhã quando a ouvi. E gostei. Gostei muito. Na manhã seguinte, cheguei ao escritório, andei a investigar, e acabei por passar a manhã a ouvir Patrick Watson. E gostei mesmo muito.

Só fiquei na dúvida quanto à relevância que devia dar, ou não, à letra da música... O tempo o dirá... 

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Dos sorrisos...

Já andava há algum tempo para escrever este post e hoje, que saí de casa a sentir-me linda e maravilhosa (um vestido vermelho e uns saltos altos fazem maravilhas pelo ego de qualquer mulher), achei que era o dia. Preparem-se para uma montanha de clichés.

Se há coisa que a passagem dos 30 me trouxe (ou a vida, ou todas as quedas que dei), foi uma forma diferente de olhar para mim.

Toda a minha vida fui uma pessoa insegura. Nunca aceitei bem o meu corpo, a minha aparência, o que via no espelho. Invejo, profundamente, as pessoas super seguras e confiantes, que se aceitam como são. Eu nunca fui assim.

Existem muitos factores que explicam isto. Educação, envolvência, experiências de vida, falta de segurança, pessoas que me rodearam. 

O que é certo é que, hoje em dia, a forma como olho para mim é completamente diferente. Hoje em dia, reconheço os meus defeitos e imperfeições, mas já não vejo só defeitos e imperfeições. Hoje em dia, olho-me ao espelho e, na maior parte dos dias, gosto de mim e do que vejo. 

E um dos aspectos em que esta alteração é mais sintomática, é nas fotografias que tiro. Durante anos a fio, eu não sorria nas fotografias. Aliás, eu fugia das fotografias e tentava desaparecer dentro delas. Eu nunca gostava de me ver em fotografias. Eu achava sempre que não estava bem.

Hoje em dia, eu gosto de tirar fotografias. Eu faço sorrisos rasgados nas fotografias. Eu partilho as fotografias que tiram de mim. Porque gosto de me ver. Porque me sinto bonita e digna de ser mostrada ao Mundo. E, como se não bastasse tal mudança, sonho com encontrar alguém que goste de me tirar fotografias, como eu gosto de tirar aos outros.

Tenho pena de ter demorado tantos anos a chegar a este estado, mas sabe bem. Sabe mesmo bem. E espero conseguir mantê-lo até ao fim dos meus dias.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Do que me apetece...

Apetece-me perder o controlo. Apetece-me ligar-te. Apetece-me gritar contigo. Apetece-me abanar-te. Apetece-me dizer-te tudo o que não te disse. Apetece-me pedir-te que ultrapasses o que quer que seja que te bloqueia. Apetece-me saltar contigo para este abismo que é tão nosso. Apetece-me correr este risco contigo. Apetece-me perder-me contigo. Apetece-me tentar. Apetece-me correr o mundo com as minhas mãos nas tuas. Apetece-me ficar enroscada nos teus braços. Apetece-me deixar de lado todos os medos e dúvidas. Apetece-me ser egoísta.



Apeteces-me.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Das conversas que eu tenho...

Tu estás para aí farta de falar e eu só te vejo preocupada com ele. E pensares um bocadinho em ti?

Palavras da BFF ontem. E não foi a primeira pessoa a dizer-me isto.

Mas não sou capaz. Não sou capaz de fazer alguma coisa pensando apenas no meu bem, sabendo que o meu bem pode ser o mal de alguém. Não sou.

Se isso faz de mim tola? Talvez. Mas sou tola de consciência tranquila.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Do que eu tiro da comunicação para a vida...


E fez-me um sentido tremendo. E não, não se aplica apenas e só à comunicação.

Se todos nós pensássemos um bocadinho mais nisto, o mundo seria bem melhor. 

Sabermos pôr-nos no lugar dos outros é das maiores lições que podemos aprender nesta vida. Tentar compreender os outros, o que pensam, o que sentem. Mesmo quando são irrazoáveis. Sobretudo, quando são irrazoáveis.

Esta capacidade de, antes de julgar ou fazer suposições, tentar sentir o que o outro sente, pode evitar muitas e infinitas discussões.

Como diz o Seth, é mesmo o único caminho para se poder ter uma comunicação eficaz. Seja em marketing, seja no nosso dia-a-dia.

domingo, 4 de dezembro de 2016

Das corridas e das lições de vida...

Mais uma vez, aproveitei uma grande prova para fazer uma viagem pelo mais fundo do meu ser.

Esta foi, provavelmente, das provas que mais me custou fazer. Pensei desistir, várias vezes. Tive vontade de chorar, várias vezes. Achei que não ia ser capaz, várias vezes.

Esta foi, certamente, a prova em que eu aprendi uma lição de humildade que, espero, me acompanhará em provas futuras: sem treino, não há sucesso possível. Desde que comecei as aulas que tem sido muito difícil manter um ritmo de treino decente e eu acabei por facilitar. E facilitei tanto, e convenci-me tanto que quem já fez 2, faz 3, que encarei esta meia-maratona com um ânimo demasiado leve. E paguei caro por isso.

Esta foi, também, a prova em que eu melhor constatei a importância da mente durante uma prova. A minha cabeça não estava ali. Estava longe, bem longe. Perdi-me em divagações, em dúvidas, em medos, em sonhos. Não estive minimamente focada ou concentrada. Deixei que a mente deambulasse por onde não devia, deixei-me afectar por algumas músicas que ouvi, e houve alturas em que foi mesmo muito difícil continuar. Aprendi, da pior forma possível, que isto não pode voltar a acontecer.

E esta foi, ainda, a prova em que eu decidi, de vez, que não vou fazer a Maratona de Sevilha em Fevereiro. Vou fazer uma Maratona em 2017, sim. Mas lá mais para a frente. Enquanto estiver em aulas, é irreal pensar que consigo treinar o que preciso.

E agora é olhar em frente e pensar na próxima prova. E na próxima meia. E nas outras todas.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Das coisas que continuarão a intrigar-me...

Ontem o blogue teve mais de 200 visitas. Houve apenas 4 pessoas que se manifestaram neste post. A essas, o meu muito obrigada.

A todas as outras... Pois que obrigada também por me deixarem na ignorância, e por me deixarem aqui a tentar adivinhar quem andará por aí... 

Não deixa de ser estranho ser lida sem saber por quem!...

Do ser Agridoce...

A propósito dos 2000 posts, e porque agora se usa fazer comemorações alargadas por tudo e mais alguma coisa, fazendo o mesmo tema render muitos e variados posts, campanhas, anúncios, e afins, achei que fazia sentido ir repescar a explicação do nome deste blogue, sobretudo, porque tem aparecido por aqui muita gente nova. Aqui fica:


O amor é agridoce.

Suficientemente agre para não poder dizer que é doce. Suficientemente doce para querer continuar a prová-lo, a pretexto de, um dia, conseguir dizer o que é.

A palavra agridoce resolve o problema como um analgésico resolve a gripe: esconde os sintomas. Agridoce quer definir a indefinição.

E nem sequer há um traço a separar o agre do doce, para avisar que se tratam de duas coisas opostas.

Em vez disso, junta-as discreta e irresponsavelmente, o fiozinho vermelho e o fiozinho preto…

O resultado varia com as pessoas: há quem apenas queime um fusível e resolva o problema substituindo-o por outro. Há quem queime a instalação toda e tenha que deitar a casa abaixo para a reparar. E, claro, há quem não tenha tensão suficiente para faiscar, sequer.

Enfim, o amor é um grandessíssimo curto-circuito.

(do álbum "Do Amor Y Outros Demónios", da banda com o mesmo nome)


Agridoce foi o meu nick durante muito tempo nos tempos do IRC e dos fóruns e ainda há quem me conheça como a Agridoce. Agridoce foi também o username que escolhi quando criei o meu livejournal, e achei que faria todo o sentido mantê-lo aqui. Acho que ainda se mantém perfeitamente adequado.

Agridoce quer definir a indefinição. Há lá coisa mais apropriada do que isto para me definir?...

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Das 2000 razões para vir aqui...

Apercebi-me há pouco de que o último post foi o post número 2000 deste blogue.

2000 posts.

Vim aqui partilhar um pouco de mim 2000 vezes. São muitas vezes!... Este blogue é, sem dúvida alguma, um diário da minha vida nos últimos sete anos.

Ao longo destes 2000 posts, a minha vida deu voltas e mais voltas. Eu dei voltas e mais voltas. A pessoa que aqui escreve hoje, não é a mesma que escreveu o primeiro post, há sete anos atrás.

Foram 2000 posts de partilha, e não deixo de me espantar com a minha capacidade para escrever tanto. Certo que, em muitos casos, a qualidade e a relevância do que aqui escrevi é duvidosa, mas, ainda assim, foram 2000 posts.

Ao longo destes 2000 posts, houve também 5301 comentários. Muitos são meus, é certo. Mas a grande maioria são de quem está aí desse lado. De quem se dá ao trabalho de ler o que eu escrevo. E não posso não sorrir ao saber que há pessoas que estão aí desde o início. Há mesmo quem tenha aguentado 2000 posts de disparates e continue a vir aqui!... 

Além dos posts e dos comentários, das memórias e dos registos, o que este blogue tem de tão importante para mim, são todas as pessoas que já trouxe para a minha vida. E foram muitas!... Ao longo dos anos, foram muitas as pessoas que passaram a fazer parte da minha vida fora daqui, as que conheci pessoalmente, as que entraram na minha esfera privada. Há pessoas que conheci através do blogue com quem falo regularmente, com quem troco mensagens, e-mails, com quem partilho muito do que nem sempre quero/posso escrever aqui. Há pessoas que nunca conheci pessoalmente, mas que sinto que conheço desde sempre.

Se estes 2000 posts não tiverem servido para mais nada, serviram para isso: para enriquecer a minha vida com tanta gente boa! Obrigada! 

E, não querendo abusar da boa vontade de quem ainda se aguenta por aí, gostava de repetir um exercício que fiz aqui há uns anos... Gostava que quem anda por aí, se acusasse. Continua a intrigar-me o número cada vez mais absurdo de visitas diárias, face ao número muito reduzido de comentários. Se, por um lado, conheço muitas das pessoas que andam por aí, continuam a faltar identificar muitas mais, que eu não faço ideia de quem seja... Assim sendo... 1, 2, 3, diga olá outra vez!

E que eu continue por aqui por mais 2000 posts...



Enquanto houver estrada p'ra andar, a gente vai continuar...
                                                           .

Os devaneios Agridoces mais lidos nos últimos tempos...