domingo, 30 de outubro de 2016

Das coisas que eu não faço... - II

Não aprendi nada, não.

E hoje arrependo-me de ontem não me ter deixado ficar no teu abraço.

Desculpa. Sou socialmente incapaz. Não sei o que é isso do afecto, do carinho. Deste-me um abraço e eu fugi de ti. Gozaste comigo, brincaste com a minha repulsa às emoções e tocaste na ferida.

Desculpa. Hoje arrependo-me. Muito.

Não estou habituada a demonstrações de afecto. Não estou habituada a ser abraçada. Não gosto que me toquem, sequer, que entrem na minha bolha e no meu espaço. E tu sabes isso. E fizeste questão de o contrariar.

Obrigada. E desculpa. Prometo-te que isto com o tempo melhora.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Das coisas que eu não faço...

No tempo em que nem toda a gente tinha telemóveis e quem tinha telemóveis nem sempre tinha saldo, combinámos encontrar-nos no Vasco da Gama. Tu vinhas de longe. Não do outro lado da rua, mas do outro lado do rio. E eu esperei por ti. Via os minutos a passar e crescia em mim a dúvida se tu virias mesmo. Mas vieste. E chegaste.

Passeámos pela Expo. Sentámo-nos num daqueles bancos listados e contemplámos o rio. Falámos. Não me lembro do que falámos mas lembro-me de que gostava de falar contigo. Tanto. Gostava do teu jeito de menino rebelde, que se revoltava contra o sistema e o meio favorecido de onde vinha.

Lembro-me do teu sorriso. Ainda hoje sorrio quando me lembro do teu sorriso. 

Também me lembro da nossa despedida, junto aos barcos. Não sei se ainda se apanham barcos no mesmo sítio. Não cheguei a apanhar nunca o barco para ir ter contigo. Mas lembro-me sempre de ti quando passo naquele sítio.

Lembro-me do abraço que demos. Lembro-me de ficar nos teus braços e de te sentir junto a mim. E lembro-me do beijo que não demos. O beijo que não demos porque éramos os dois demasiado orgulhosos. 

Falámos sobre isso, tempos mais tarde. Aprendemos os dois a mesma lição: no amor não pode haver orgulho. E na vida não há maior arrependimento do que aquele que sentimos pelo que não fizemos.



Pergunto-me se, 14 anos depois, vou concluir que não aprendi nada com isto.

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Da psicologia humana...

Cansada desta mente que tudo analisa, tudo disseca, tudo questiona.

Cansada de avaliar cada passo, cada acção, cada palavra, cada sentimento.

Não deixo de me rir comigo própria. Tem tanto de terrível como de curioso isto de olhar para o que sinto, penso e faço, e analisar tudo.

É curiosa a falta que sentimos do que não temos, quando não lhe damos valor quando o temos.

É assustador olhar para mim e saber exactamente o que estou a fazer, ter a certeza que não o devia fazer, e continuar a fazê-lo.

Ao mesmo tempo, vivo em dilema mental entre esta estúpida racionalidade e a réstia de esperança e ingenuidade que residem em mim, que me dizem para não desistir à partida. Para não desistir de mim e dos outros.

Mas sabendo eu que o melhor é desistir, não será simplesmente idiota dar ouvidos a essa esperança que se agarra ao que pode e não pode, para me fazer continuar a sonhar?

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Das portas...

Há um ano atrás, fechava uma porta e iniciava um novo ciclo. Hoje, abro uma porta e inicio um novo ciclo.

Fez ontem um ano que fechei de vez a porta da casa onde vivia e me mudei para a minha casa. Para trás, deixei muitas memórias e sonhos. Deixei um passado e deixei o projecto de um futuro que não chegou a acontecer.

Hoje, num sentido mais metafórico, abro uma nova porta: volto a estudar. Também abro esta porta cheia de planos e sonhos. ansiosa, entusiasmada, desejosa do que aí vem.

Todos os dias, em todo o Mundo, fecham-se portas e abrem-se portas. E se isso não nos faz seguir em frente, não sei o que fará.



(escrito ontem, enquanto esperava pela primeira aula)

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Da chuva...

É nestes dias que mais te sinto a falta...

Dias frios, cinzentos, tristes... Tão tristes como o aperto que sinto no peito.

É nestes dias que mais te quero. Anseio pelo teu colo e pelo teu abraço. 

O teu abraço, onde me aninhava e encaixava na perfeição. Nos teus braços grandes e fortes que se abriam para me receber.

É nestes dias que mais me lembro do que fomos. Do que não seremos.

Fomos tanto e não seremos nada.


domingo, 23 de outubro de 2016

Das coisas que eu questiono... - III


Sentimos falta do que nunca tivemos ou
sentimos falta do que achamos que vamos sentir quando tivermos o que nunca tivemos?

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Das coisas que eu questiono...

Tu me manques...


Gosto tanto, tanto desta expressão em francês. Mas gosto mesmo. E ela tem pairado na minha mente nos últimos dias. Não é um tenho saudades, não é um I miss you, é um sentir a falta de alguém, é um fazer-me realmente falta, é o sentir-me menos completa sem, é o faltar-me parte de mim.


Tu me manques...
Beaucoup.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Das estrelas aqui tão perto...

For my part I know nothing with any certainty, but the sight of the stars makes me dream.

Vincent Van Gogh


Por aqui, andamos assim. Com poucas certezas, mas muitos sonhos. Perco-me em sonhos. Em ideias, em anseios, em divagações.

Cansada de ter de tomar decisões. Cansada de tentar adivinhar o futuro. Cansada de não saber o que é o melhor para mim.

Ontem disseram-me que me ponho demasiada pressão. Que, dessa forma, não é possível que as coisas corram bem.

Sim. Não o nego. Mas como não o fazer? O tempo corre, o tempo voa, o tempo passa por mim e eu sinto que não saio do mesmo sítio.

Por isso, olho para as estrelas e sonho. Nos meus sonhos eu chego longe. Tão longe!...

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Do caos mental...

Passo os dias com mil e uma ideias de coisas para vir aqui escrever. Pensamentos soltos. Ideias. Devaneios. Memórias.

Não escrevo na altura e depois não me apetece escrever mais.

Se escrevesse, não ia fazer sentido.

Queria pôr a vida em pausa e fechar-me na minha bolha uns dias. Só uns dias.

sábado, 15 de outubro de 2016

Do ser mulher...

Hoje levei o meu carro à inspecção. Não foi a primeira vez, nem será, certamente, a última.

Mas hoje passou-se algo que me deixou a pensar.

O técnico que fez a inspecção ao meu carro foi o mesmo que já tinha a feito há dois anos atrás, e com  quem tinha feito alguma conversa de circunstância na altura.

Desta vez, ele foi, diria, excessivamente simpático. Ou mais descarado, vá. Dentro do razoável, do respeito, da boa educação, mas foi.

E eu deixei. Também porque as minhas circunstâncias há dois anos atrás não eram as que são hoje, mas porque, naturalmente, me soube bem ao ego.

Por outro lado, e o que me fez pensar foi isso, quantas vezes não nos vendemos nós para conseguirmos o que queremos? Quem nunca foi mais simpático para um funcionário numa repartição pública, na esperança de conseguir resolver um problema? Quem nunca apareceu com um café na secretária de um colega, antes de lhe pedir um favor? Quem nunca ajudou a mãe na cozinha, para depois lhe pedir autorização para sair? Quem nunca cedeu numa negociação, para a seguir pedir alguma coisa em troca? E isso faz de nós o quê, mesmo?

Ou não faz de nós nada porque é a base do relacionamento humano? O Carnegie diz que sim. 

Eu, confesso, se por um lado saí de lá a sentir-me mal comigo mesma, por outro, sei em consciência que não fiz nada de mal: fui simpática e estive 20 minutos a conversar com alguém (no meio de aceleradelas, piscas, trava e destrava, ...) que estava a prestar-me um serviço. Que sociedade é esta que me faz sentir uma vendida por isto?...

A conversa acabou com ele a convidar-me para participar nas vindimas da vinha dele no próximo ano e a pedir que o adicionasse no Facebook.

Nem uma coisa nem outra vão acontecer e o mais provável é que, para o ano, se ainda me lembrar disto, marque a inspecção noutro centro qualquer. Porque me sinto mal com isto.

Traumas. Tantos traumas nesta cabeça. Ignorem as partes sem sentido do texto. Ou ignorem o texto todo, vá. Vou dormir que bem preciso e amanhã é dia de corrida.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Da vida...


Um dia destes tive a oportunidade de assistir a um evento onde, entre outras coisas, se falou de motivação, de foco, de sucesso e de fracasso.

Calhou ser num dia em que estava a precisar de ouvir algumas coisas sobre estes temas. Ando mesmo a precisar de encontrar o meu objectivo, o meu propósito, o meu foco e o meu equilíbrio. 

Partilho aqui um dos vídeos que foi partilhado comigo. 


Conversa de treta à parte, há aqui muitas verdades e coisas que nos fazem questionar sobre o que andamos a fazer com a nossa vida...

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Dos passos atrás que são passos à frente...

Devia afastar-me. Devia retirar-me discreta e estrategicamente. Devia parar esta bola de neve que rola encosta abaixo, crescendo, crescendo, crescendo.

Adivinho o que vai acontecer no final e não vai ser bonito... A última coisa que eu quero é que alguém, este alguém, se magoe por minha causa.



Tenho mesmo de me afastar, não é?...

Das fotografias que dão alegria... - Day 286


Pastéis de nata e nutella, feitos no fim-de-semana.


Pergunto-me muitas vezes se em vez de estar a investir em formação em Marketing Digital, não devia investir num curso de culinária...

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Das palavras ditas ao vento...

Uma das coisas que mais me assusta em mim é a minha inconstância.

As flutuações de humor. As variações de estados de espírito. A facilidade com que chego ao fundo do poço. E a maior dificuldade com que volto a sair dele.

Cansam-me estas alterações constantes. Consomem-me. Deixam-me sem energia. Preocupam-me.

Como em tudo na vida, gostava de encontrar o meu equilíbrio. E de mantê-lo.

Gostava que as coisas fossem simples e lineares.

Mas não são. Nunca são, dirias tu.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Das pessoas...

Existem as pessoas que nos dão palmadinhas nas costas e existem as pessoas que nos espetam os dedos nas feridas.



Eu sempre gostei mais das segundas. Mesmo quando as odeio.

domingo, 9 de outubro de 2016

Das fotografias que dão alegria... - Day 283


A preparar o Natal. Uma das minhas alturas preferidas do ano. Por tudo e por nada.

Espero que este seja melhor do que os dois últimos... Não será difícil, não é verdade?

sábado, 8 de outubro de 2016

Das coisas a que não quero nunca mais voltar...


Tinha a sua piada, desafiar-te a irmos os dois. Era pessoa para isso, sabes? 

Sim, sabes.

Continuo a lembrar-me de ti muitas vezes quando corro. E não só quando corro, na verdade. Mas, sobretudo, quando corro. Quando me lembro de todas as dicas que me deste. Quando tento corrigir a postura. E a passada. E quando leio artigo atrás de artigo sobre alimentação. E quando tenho dúvidas. E quando penso que não sou capaz.

Podias ter outro nome. Podias ter praticado qualquer outro desporto que não atletismo profissional. Podias, não podias?

Claro que não podias.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Do ar que me falta...

Sento-me e vejo o mesmo filme desenrolar-se diante dos meus olhos, outra vez.

É óbvio. Tão óbvio.

E eu insisto em não querer ver. Eu insisto em negar que o céu é azul, que depois do dia vem a noite, que a Terra gira à volta do Sol.




Até quando?...

Da clareza que o tempo traz...

Tenho andado o dia todo a pensar no que escrever. Tenho andado o dia todo de coração apertado e nó na garganta. Já chorei, enquanto fazia uma viagem de 50 km. Já ri muito, enquanto matava saudades dos sobrinhos. Já pensei e repensei tudo o que me passa pela cabeça ultimamente e fujo de admitir aquilo que me parece cada vez mais óbvio.

Há um ano atrás a minha vida deu uma volta de 180 graus. Há um ano atrás, num dia em que não foi feriado, eu fui trabalhar com apenas duas horas de sono em cima, depois de uma noite que nunca esquecerei. Há um ano atrás, tudo aquilo em que acreditava desmoronou-se e eu fui confrontada com uma nova realidade. Há um ano atrás, fiquei sem chão, sem ar, sem forças. Há um ano atrás, achei que não ia sobreviver e que o Mundo ia acabar.

Hoje? Tenho a certeza de que foi o melhor que me podia ter acontecido. Obrigada.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Das coisas que eu oiço...

Cansam-me as pessoas. As mentalidades. A sociedade actual. O acharmos que podemos tudo. O acharmos que temos direito a tudo.

Há dias, a propósito de uma conversa sobre os atrasos no Serviço Nacional de Saúde, ouvi alguém dizer que no privado era igual, mas que era pior porque se pagava. A mesma pessoa dizia também que, recentemente, tinha chegado 15 ou 20 minutos atrasada a uma consulta e que tinha sido chamada à atenção por isso. E estava muito ofendida por estar a pagar para ser atendida assim. E achava-se coberta de razão.

Eu fiquei calada, que a conversa não era comigo. Mas caiu-me mal o almoço, confesso, e não pude ficar indiferente.

Se há coisa que me aborrece profundamente é que me desrespeitem, desrespeitando o meu tempo. Eu tenho, em média, cinco a seis reuniões por semana. Se em cada uma delas houver um atraso de 20 minutos, posso perder até duas horas da minha semana. E duas horas da minha semana são demasiado valiosas para que eu as desperdice à espera de alguém.

Da mesma forma, não gosto de deixar os outros à espera. Chego a horas às minhas reuniões. Não me atraso para as minhas consultas, sejam elas no público ou no privado. Evito ao máximo atrasar-me nos compromissos pessoais. Claro que há excepções, há imprevistos, mas são isso mesmo: excepções e imprevistos. Não são a regra. E fazem-me sentir mal e levam-me a pedir desculpa e a justificar-me. Porque do outro lado estão pessoas. Pessoas como eu. Pessoas com agendas, com o seu tempo contado, com mil e uma coisas para fazer, que não incluem estar à minha espera.

Custa assim tanto ter um pouco mais de respeito pelo outro, como gostamos que tenham por nós?

domingo, 2 de outubro de 2016

Das coisas que nos sustentam...

A vida ensina-nos as maiores lições quando menos esperamos e das formas mais incríveis.

Hoje foi mais um dia de aprendizagem, de crescimento, de evolução.

Hoje acordei cansada depois de uma noite de insónias, de pesadelos, de muitas voltas na cama.

Hoje saí de casa e fiz 30 km a conduzir de coração apertado e com uma vontade imensa de chorar e de voltar para trás.

Mas hoje, mais uma vez, superei-me. Superei medos, inseguranças, faltas de confiança.

Hoje, mais uma vez, percebi que o ser humano é capaz de tudo, quando assim o deseja.

Hoje, mais uma vez, fiz uma viagem pelo mais fundo do meu ser, enquanto percorria os 21,1 km da Meia-Maratona Rock'n'Roll Lisboa.

Tive muito tempo comigo mesma para pensar, para pôr as ideias no lugar, para arrumar o que já passou, para me focar no que aí vem, para me preparar para o que a vida tem para me dar nesta nova fase que vai começar.

Senti-me orgulhosa de mim mesma, do meu esforço, das minhas capacidades, e fiquei com a certeza de que sou capaz de muita coisa, assim o queira.

Daqui a dez dias começo as aulas. A minha vida vai virar o caos. O tempo vai escassear. Mas não vou parar de correr. Não posso. Não consigo.

Hoje percebi que a corrida faz mesmo parte de mim e é nela que encontro as minhas forças, o meu foco, o meu equilíbrio.

Hoje sinto-me ainda mais grata por ter tido a sorte de descobrir isto. Obrigada, Mundo.

Os devaneios Agridoces mais lidos nos últimos tempos...