sexta-feira, 8 de julho de 2016

Das coisas em que mudamos...

Eu fui criada num ambiente relativamente rígido e inflexível.

Uma das regras lá em casa era a da hora de jantar: jantava-se às oito. Sempre.

Quando comecei a viver sozinha (quando fui para a faculdade e depois pela vida fora), mantive essa regra. Ou hábito. Chamemos-lhe hábito, que é mais simpático.

Sempre gostei de jantar às oito, porque também sempre gostei de me deitar cedo, e fui mantendo esse hábito nas relações que tinha. De forma pouco flexível, até. Sim, era pessoa para me chatear a sério com isto. Não quer dizer que não se pudesse jantar mais tarde de vez em quando. Mas chateava-me que isso acontecesse só porque sim. Ou que o respectivo fosse chegar mais tarde e não avisasse. Gosto de rotinas na minha vida, de hábitos, de certezas, de saber com o que posso contar.

Hoje em dia? Hoje em dia janto quando calha... Ainda ontem fui treinar e eram quase nove da noite quando estava a sair da praia. Quando vou correr ou treinar, dificilmente janto antes das nove ou nove e meia (quando não é mais tarde). E sabem que mais? Não morro. Não me acontece nada, sequer.

Terão valido a pena as discussões que tive por causa disto? Terá valido a pena o stress em que ficava com esta paranóia com os horários?

Duvido muito.

8 comentários:

  1. Fazer o que dá na real gana é um privilégio que só está ao alcance de alguns. É o lado positivo que se obtém quando se está sozinho e que dificilmente se compagina com uma vida a dois, como bem viste ao longo da tua vida. Numa vida a dois (mais do que numa vida solitária), é bom que se criem algumas rotinas e hábitos. Caso contrário, o caos pode tomar conta de tudo e destruir a relação. Não foi certamente pelas/os regras/hábitos que a coisa não funcionou. Mas, lá está, também sou apologista da ideia que o dia-a-dia não tem de ser uma coisa estanque, onde não se pode fugir à rotina de vez em quando. É bom, claro, até para condimentar um pouco amis a coisa :)

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    1. Sim, eu sou mais apologista de que o caos é prejudicial mas também sei que as coisas não têm, nem devem, de ser estanques. Equilíbrio, como em tudo na vida :)

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  2. Percebo-te muito bem. E uma pessoa não morre mesmo.

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    1. Ainda que pareça que sim :) A idade tem esta coisa fantástica de nos fazer relativizar a importância das coisas!...

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  3. Das coisas que mais aprendemos com a vida (que ela acaba por nos mostrar e por isso ensina) é a relativizar as coisas a que damos importância e não a merecem. Não é fácil, é um processo demorado e custoso mas faz toda a diferença na forma como vivemos e aproveitamos os nossos dias.

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    1. É mesmo isso: relativizar. E aprendermos a separar o que realmente importa!...

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  4. Agora já está, não te martirizes :D
    Nenhum se foi embora por causa disso. Quando o sentimento é forte tudo se ultrapassa.
    O interessante é que vivemos numa altura em que ter horário para outra coisa que não seja emprego não é mais uma condição social bem vista. E olha que o exemplo do emprego também não é dos melhores, porque cada vez mais fazem-se horas extraordinárias e por outro lado, muitos não sabem ser pontuais.

    Mas o interessante é que, mesmo vivendo nesta época, o correto é ter horários sim. É como ter um relógio... há que bater ponto na mesma hora, para o organismo funcionar melhor, por mais tempo...

    Eu não tive essa educação rígida e é um caos. Só não dá para mudar nada ainda, porque vivo no mesmo estilo caótico. Mas se tivesse ela liberdade de escolha ia experimentar - principalmente estando sozinha e não tendo de agradar ninguém a não ser eu mesma :D

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    1. Eu sou das que tem horários e gosta muito deles... Detesto quando se atrasam ou falham comigo!

      Eu continuo a tentar ter alguns horários com as refeições e com o sono, simplesmente, tornei-me mais flexível. Ponho na balança e pergunto-me se o que me faz sentir melhor é jantar pontualmente às oito, ou ir fazer um treino ou uma corrida ao beira-mar ao pôr-do-sol. A decisão é fácil :)

      Experimenta... Mas tens mesmo é de fazer o que funciona para ti :)

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