segunda-feira, 7 de março de 2016

Das corridas... - III

Ontem fiz a Corrida das Lezírias. É uma prova engraçada, em Vila Franca de Xira, que inclui percurso de estrada, a travessia da ponte de Vila Franca e uma parte muito significativa pelo meio da Lezíria, junto ao rio e aos canais, no meio dos campos, em terra batida, com paisagens muito bonitas e a experiência de correr no meio da Natureza. Foram 15,5kms. Não é uma prova muito concorrida nem muito famosa, mas quis inscrever-me por achar que o percurso devia ser giro e por servir de treino para a meia-maratona, daqui a duas semanas.

E por que é que esta prova acabou por ser particularmente importante para mim? Porque até aos 11/12kms eu nunca achei que fosse conseguir fazê-la.

Contextualizando: tinha corrido a última vez dia 24 de Fevereiro, depois meteu-se a ida a Praga, o meu aniversário e só voltei a correr a semana passada, na quarta-feira. Tinha programado um treino curto, de 5kms apenas. E fi-lo. Mas com o meu tornozelo a arder o tempo todo e num esforço considerável. 

Na quinta-feira continuava com dores e comecei a fazer gelo e um spray anti-inflamatório. Comecei a ver a minha vida a andar para trás e a meia cada vez mais longe... Na sexta-feira estava melhor, mas o tornozelo continuava inchado e ainda com algumas dores. Continuei a insistir no gelo e no spray e entrei em modo repouso. Sábado a mesma coisa. Sábado ao fim da tarde fui buscar uma amiga ao aeroporto e fomos para o jantar de aniversário dela. Já a tinha avisado que ia só jantar e que me vinha embora cedo para descansar para a prova. Mas, considerando o estado do tornozelo e a minha cada vez mais reduzida esperança de poder correr, acabei por jantar e ir beber um copo, e mais um, e mais um... Já me tinha mentalizado que ia até lá só "tentar" e, eventualmente, fazer a corrida dos 5kms. Assim sendo, já não estava tão preocupada com o meu descanso...

Dormi menos de cinco horas, dei umas borrifadelas de spray no tornozelo e lá fui eu. Ainda no aquecimento já eu achava que a coisa não estava a correr bem. Mas fui para a meta. Ia decidida a tentar, pelo menos, passar a ponte e depois logo se via se voltava para trás. E a corrida começou. E eu fiz os primeiros kms, e ia-me aguentando. Fiz os primeiros 5 e pensei que um terço já estava. Cheguei aos 8 e pensei que metade já estava. Cheguei aos 10 e pensei que dois terços já estavam. Ali nos 11/12 comecei, realmente, a fraquejar. Estava à espera que o último abastecimento tivesse mais do que água e confesso que a moral foi abaixo quando vi que não!... Há coisas parvas que conseguem afectar o nosso estado psicológico e esta é uma delas. O facto de ter de fazer a subida da ponte também não estava a ajudar... Mas depois veio a descida da ponte, a placa dos 13kms (a distância máxima que alguma vez tinha corrido) e eu pensei que só faltavam 2,5km e dei em acelerar... Só aqui é que eu percebi que, se calhar, ia mesmo conseguir!... Nesta fase, já estávamos de volta ao centro de Vila Franca e foi muito bom ter pessoas a aplaudir e a puxar pelos corredores. E lá fui eu!...

Cheguei à meta e a sensação foi indescritível. Nada me fazia crer que eu ia conseguir, mas consegui!... E foi tão bom!... Já o disse aqui anteriormente: para mim, o melhor da corrida é mesmo dar-me esta possibilidade de fazer mais e melhor, de me superar, de sentir que sou capaz!


E, por isto tudo, esta corrida foi importante!



Agora é dar descanso ao tornozelo e acender muitas velinhas para que consiga fazer a meia, considerando que não fiz o plano de treinos que era suposto, e que esta corrida me deixou a modos que ligeiramente cansada!...

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