terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Das nossas crenças...

O problema das desilusões é que arrancam pedaços de nós.

Em cada falhanço nosso, há uma parte de nós que fica irreparavelmente destruída. Que morre.

Todos nós temos as nossas crenças: na vida, nas pessoas, nas relações. E de cada vez que uma destas crenças é abalada, morre uma parte de nós.

Crescemos a ouvir que o que não nos mata, torna-nos mais fortes. Mas mata-nos. Mas enfraquece-nos.

Dizem-nos que se acreditarmos, as coisas acontecem. E nós acreditamos. Acreditamos muito. Acreditamos com todas as nossas forças. Mas as coisas nem sempre acontecem. E nós não conseguimos continuar a acreditar.

A cada trambolhão, as nossas crenças ficam mais fracas.

Acreditamos nos laços familiares, acreditamos nas amizades, acreditamos no amor, acreditamos na bondade, acreditamos nos nossos chefes, acreditamos que aquele casaco nos fica mesmo bem.

E depois, sem aviso, sem estarmos à espera, descobrimos que aquilo em que acreditávamos era falso. Era uma ilusão.

E deixamos de acreditar.

Em cada choque de realidade, há uma parte de nós que se perde, para nunca mais ser recuperada.

É esse o problema da vida: viver. Cada segundo que vivemos, não volta a acontecer.

Cada pedaço de nós que nos é arrancado, não nos é devolvido.

E é uma merda. É uma grandessíssima merda perceber que permitimos à vida destruir aquilo que somos. Aquilo que fomos.

Tiram-nos a inocência, a pureza, a vontade de acreditar. Destroem-nos irremediavelmente. E não há nada que possamos fazer.


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