terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Do meu 2013... (para registo futuro)

Em 2013 eu...

... comecei o ano a defender a minha tese de Mestrado. E sobrevivi.
... bati o pé, refilei, fiz-me ouvir e consegui que me aumentassem.
... aprendi muito sobre as pessoas. Coisas boas, coisas más.
... dei uma entrevista à Sónia Morais Santos, sobre a minha boadrasta, que depois ouvi na rádio.
... falei pela primeira vez num congresso. Num auditório. Com dezenas de pessoas a olhar para mim.
... comi mais doces do que é possível imaginar mas tenho a glicémia a 70.
... deixei de ter dois empregos e passei a ter fins-de-semana como as pessoas.
... vi um artigo meu publicado num livro. À venda. Numa livraria.
... perdi a minha avó. Foi a primeira pessoa mais próxima que perdi.
... voltei a constatar a importância das minhas pessoas.
... conheci o meu sobrinho.
... tive duas propostas de emprego, mantive-me no mesmo sítio, e consta que vou ser promovida.
... fui aconselhada a ter filhos rapidamente, se os queria. Decidi não ter. Espero não me vir a arrepender.
... voltei a viver sozinha, nove anos depois.
... passei mais 365 dias sem falar com a minha mãe.
... li 25 livros.
... tive de admitir que ainda não foi desta que encontrei O amor. E doeu.
... não andei de avião nem saí do país, coisa que não acontecia há alguns anos.
... ainda não voltei à terapia.
... mudei duas vezes de casa. E já ando à procura da próxima.
... desiludi e fui desiludida.
... chorei.
... ri.

... vivi.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Do meu dia de hoje... (para vir reler nos dias mais difíceis)

Trabalhar um bocadinho de manhã. Conseguir ultrapassar oficialmente um dos objectivos do departamento. Conseguir marcar uma reunião importante.

Almoçar no Honra com a empresa toda, Presidente incluído, e ficar sentada ao lado de um elemento da direcção que ainda tenho de ir investigar ao certo quem é.

Ainda houve direito a foto de grupo e uma ginja de Óbidos só para alguns. Rimos. Rimos muito. E é bom rir com pessoas com quem habitualmente só temos conversas sérias.

Regresso ao estaminé. Servidor em baixo. Não havia mails, não havia telefones. Trabalhou-se imenso, portanto. A coisa mais produtiva que fizemos foi testar o fato de Pai Natal que um dos colegas vai usar amanhã na festa para os filhos dos colaboradores. E rimos mais ainda.

Saídos do trabalho fomos experimentar um sítio novo: Champanheria. Giro, agradável, com uma happy hour interessante. Aqui sim, chorei e fiquei sem ar de tanto rir.

Não sei se é do Natal, se é do fim do ano e estarmos com bons resultados, se foi só do álcool, mas estava tudo animado e bem disposto.

E ainda, paragem estratégica na Massimo Dutti com chefa e colega mais preferida, que se foram abastecer nos saldos que já começaram. Eu fui só mesmo ver, que foi um dia bom mas não exageremos.

Às nove da noite a chefa deixou-me à porta de casa e ainda deu para uma conversa interessante, que no dia-a-dia não temos oportunidade de ter. A minha situação lá no estaminé está o mais caótica possível e, apesar de ela não me poder dizer muito, é bom trocar ideias. Espero, sinceramente, não mudar de chefe no próximo ano.

Vamos ver, vamos ver. Por hoje, fica um post absolutamente desinteressante (fica a recomendação da Champanheria), mas que me serve a mim como registo de um dia que foi menos negro. Hoje ri-me. Hoje senti-me bem. Hoje vivi.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Das nossas crenças...

O problema das desilusões é que arrancam pedaços de nós.

Em cada falhanço nosso, há uma parte de nós que fica irreparavelmente destruída. Que morre.

Todos nós temos as nossas crenças: na vida, nas pessoas, nas relações. E de cada vez que uma destas crenças é abalada, morre uma parte de nós.

Crescemos a ouvir que o que não nos mata, torna-nos mais fortes. Mas mata-nos. Mas enfraquece-nos.

Dizem-nos que se acreditarmos, as coisas acontecem. E nós acreditamos. Acreditamos muito. Acreditamos com todas as nossas forças. Mas as coisas nem sempre acontecem. E nós não conseguimos continuar a acreditar.

A cada trambolhão, as nossas crenças ficam mais fracas.

Acreditamos nos laços familiares, acreditamos nas amizades, acreditamos no amor, acreditamos na bondade, acreditamos nos nossos chefes, acreditamos que aquele casaco nos fica mesmo bem.

E depois, sem aviso, sem estarmos à espera, descobrimos que aquilo em que acreditávamos era falso. Era uma ilusão.

E deixamos de acreditar.

Em cada choque de realidade, há uma parte de nós que se perde, para nunca mais ser recuperada.

É esse o problema da vida: viver. Cada segundo que vivemos, não volta a acontecer.

Cada pedaço de nós que nos é arrancado, não nos é devolvido.

E é uma merda. É uma grandessíssima merda perceber que permitimos à vida destruir aquilo que somos. Aquilo que fomos.

Tiram-nos a inocência, a pureza, a vontade de acreditar. Destroem-nos irremediavelmente. E não há nada que possamos fazer.


segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Da realidade nua e crua...

Há exactamente uma semana atrás caiu-me a ficha.

Há uma semana atrás eu chorei. Chorei muito. Chorei o que ainda não tinha chorado e andava a acumular.

Há uma semana atrás eu cheguei a casa a sentir-me mal, a sentir-me doente, sem saber o que tinha. E percebi que estava sozinha.

Há uma semana atrás eu percebi que a última, e única, vez em que eu vivi sozinha foi há exactamente nove anos atrás.

Há uma semana atrás eu chorei, (quase) berrei, praguejei, enfiei-me debaixo dos lençóis, bati no fundo.

Há uma semana atrás eu achei que o meu mundo tinha acabado, que a minha vida era a pior, que nada fazia sentido, que tinha de voltar à terapia e à medicação.

Depois? Depois levantei-me, tomei banho, fiz o jantar e ainda pintei as unhas.


O Mundo lá fora não quer saber dos meus dramas existenciais. E eu também não.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Do Natal...

Eu vibro com o Natal. Eu adoro o Natal. Eu vivo o Natal intensamente.

Eu sou aquela que escolhe e compra presentes com dois meses de antecedência. Eu sou aquela que adora decorações de Natal. Que adora montar a árvore de Natal. Que delira com todo o espírito natalício.

E deliro também com os presentes. Com os que recebo. Mas, sobretudo, com os que ofereço.

E, confesso, não pude deixar de ficar de lágrima no canto do olho com o presente que acabei de preparar.

Por ser para quem é. Por tudo aquilo que representa.

Este Natal vai ser diferente. Vai ser difícil para alguns de nós. Este ano muita coisa mudou. A família encolheu. A família cresceu. A família viu quatro de nós partir para um país longínquo. Mas continuamos família. A nossa família.

E o Natal é, para mim, a família. Uns mais longe, uns mais perto. Mas somos nós. E temos de estar gratos pelo que temos. Pelo que somos. Pela nossa família.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Das mudanças...

A mudança não é fácil. Nunca foi, nunca será.

Decidir mudar, decidir alterar o que quer que seja, não é uma decisão tomada de ânimo leve.

Decidir mudar de emprego, de vida, de casa, de país, de penteado, até. Qualquer decisão de mudança tem o seu pesar.

Umas mais fáceis, umas mais difíceis. Umas mais impulsivas, umas mais ponderadas. Mas as decisões de mudança não são fáceis.

E arcar com as consequências das mesmas, ainda menos.

A incerteza, a dúvida, o não saber o amanhã. Tudo isso nos consome. Nos deixa sem chão. Com medo do que virá.

Não creio que algum dia tenha sido uma pessoa muito decidida. Nunca fui uma pessoa muito forte, o que sempre me levou a questionar as minhas decisões, as minhas mudanças. O que não quer dizer que não as assumisse e, que remédio, não aguentasse as suas consequências.

Mas ficam sempre as dúvidas. Do que podia ter sido. Do que será.

Perante a decisão de pôr fim a uma relação há duas questões que me preocupam, essencialmente. O reconhecimento do erro e as perspectivas do futuro.

Quando pus fim ao meu casamento, o que mais me custou, o que mais me faz hesitar, ponderar, duvidar, foi o reconhecimento do erro. Foi eu, perfeccionista, exigente, ponderada, obsessiva-compulsiva, ter que reconhecer que errei. Ter que admitir que as palavras até que a morte nos separe proferidas perante as pessoas mais importantes da minha vida, afinal foram um erro. O meu casamento foi um erro. E a partir do momento em que o soube, em que o admiti para mim, também sabia que tinha de o admitir para o mundo. Felizmente, mesmo com os meus receios, também não sou pessoa de me deixar estar numa situação que não me agrada, apenas para não admitir que errei. Errei, admiti-o, fiz alguma coisa por isso e mudei a situação. E aguentei-me.

Neste momento, a minha preocupação não tem a ver com o erro. Eu errei, ele errou, todos os dias pessoas erram. Eu assumo o erro e, mais uma vez, faço alguma coisa por isso.

Não, neste momento, o que me preocupa é o futuro. O meu futuro.

Assusta-me a ideia de não saber se conseguirei continuar nesta senda de tentativas-erro. Se conseguirei, se quererei, se terei forças para isso.

Crescemos com a ideia do mundo cor-de-rosa, do felizes para sempre, do amor infinito. E a realidade é abismalmente diferente.

E eu assumo os meus erros. Mas não me apetece assumir a realidade.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Dos dons que nos são dados...

Fico sempre surpreendida quando descubro alguém com mais capacidade do que eu para destruir coisas. Quem diz coisas, diz momentos, diz sentimentos, diz relações.

Eu sou uma destruidora por Natureza. Tenho esse dom. O dom de estragar aquilo em que mexo. O dom de arruinar o que de bom há na minha vida.

Por isso mesmo, surpreende-me muitíssimo que haja quem ainda o faça melhor que eu. Mas não é que há mesmo?

Os devaneios Agridoces mais lidos nos últimos tempos...