terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Do meu 2013... (para registo futuro)

Em 2013 eu...

... comecei o ano a defender a minha tese de Mestrado. E sobrevivi.
... bati o pé, refilei, fiz-me ouvir e consegui que me aumentassem.
... aprendi muito sobre as pessoas. Coisas boas, coisas más.
... dei uma entrevista à Sónia Morais Santos, sobre a minha boadrasta, que depois ouvi na rádio.
... falei pela primeira vez num congresso. Num auditório. Com dezenas de pessoas a olhar para mim.
... comi mais doces do que é possível imaginar mas tenho a glicémia a 70.
... deixei de ter dois empregos e passei a ter fins-de-semana como as pessoas.
... vi um artigo meu publicado num livro. À venda. Numa livraria.
... perdi a minha avó. Foi a primeira pessoa mais próxima que perdi.
... voltei a constatar a importância das minhas pessoas.
... conheci o meu sobrinho.
... tive duas propostas de emprego, mantive-me no mesmo sítio, e consta que vou ser promovida.
... fui aconselhada a ter filhos rapidamente, se os queria. Decidi não ter. Espero não me vir a arrepender.
... voltei a viver sozinha, nove anos depois.
... passei mais 365 dias sem falar com a minha mãe.
... li 25 livros.
... tive de admitir que ainda não foi desta que encontrei O amor. E doeu.
... não andei de avião nem saí do país, coisa que não acontecia há alguns anos.
... ainda não voltei à terapia.
... mudei duas vezes de casa. E já ando à procura da próxima.
... desiludi e fui desiludida.
... chorei.
... ri.

... vivi.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Do meu dia de hoje... (para vir reler nos dias mais difíceis)

Trabalhar um bocadinho de manhã. Conseguir ultrapassar oficialmente um dos objectivos do departamento. Conseguir marcar uma reunião importante.

Almoçar no Honra com a empresa toda, Presidente incluído, e ficar sentada ao lado de um elemento da direcção que ainda tenho de ir investigar ao certo quem é.

Ainda houve direito a foto de grupo e uma ginja de Óbidos só para alguns. Rimos. Rimos muito. E é bom rir com pessoas com quem habitualmente só temos conversas sérias.

Regresso ao estaminé. Servidor em baixo. Não havia mails, não havia telefones. Trabalhou-se imenso, portanto. A coisa mais produtiva que fizemos foi testar o fato de Pai Natal que um dos colegas vai usar amanhã na festa para os filhos dos colaboradores. E rimos mais ainda.

Saídos do trabalho fomos experimentar um sítio novo: Champanheria. Giro, agradável, com uma happy hour interessante. Aqui sim, chorei e fiquei sem ar de tanto rir.

Não sei se é do Natal, se é do fim do ano e estarmos com bons resultados, se foi só do álcool, mas estava tudo animado e bem disposto.

E ainda, paragem estratégica na Massimo Dutti com chefa e colega mais preferida, que se foram abastecer nos saldos que já começaram. Eu fui só mesmo ver, que foi um dia bom mas não exageremos.

Às nove da noite a chefa deixou-me à porta de casa e ainda deu para uma conversa interessante, que no dia-a-dia não temos oportunidade de ter. A minha situação lá no estaminé está o mais caótica possível e, apesar de ela não me poder dizer muito, é bom trocar ideias. Espero, sinceramente, não mudar de chefe no próximo ano.

Vamos ver, vamos ver. Por hoje, fica um post absolutamente desinteressante (fica a recomendação da Champanheria), mas que me serve a mim como registo de um dia que foi menos negro. Hoje ri-me. Hoje senti-me bem. Hoje vivi.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Das nossas crenças...

O problema das desilusões é que arrancam pedaços de nós.

Em cada falhanço nosso, há uma parte de nós que fica irreparavelmente destruída. Que morre.

Todos nós temos as nossas crenças: na vida, nas pessoas, nas relações. E de cada vez que uma destas crenças é abalada, morre uma parte de nós.

Crescemos a ouvir que o que não nos mata, torna-nos mais fortes. Mas mata-nos. Mas enfraquece-nos.

Dizem-nos que se acreditarmos, as coisas acontecem. E nós acreditamos. Acreditamos muito. Acreditamos com todas as nossas forças. Mas as coisas nem sempre acontecem. E nós não conseguimos continuar a acreditar.

A cada trambolhão, as nossas crenças ficam mais fracas.

Acreditamos nos laços familiares, acreditamos nas amizades, acreditamos no amor, acreditamos na bondade, acreditamos nos nossos chefes, acreditamos que aquele casaco nos fica mesmo bem.

E depois, sem aviso, sem estarmos à espera, descobrimos que aquilo em que acreditávamos era falso. Era uma ilusão.

E deixamos de acreditar.

Em cada choque de realidade, há uma parte de nós que se perde, para nunca mais ser recuperada.

É esse o problema da vida: viver. Cada segundo que vivemos, não volta a acontecer.

Cada pedaço de nós que nos é arrancado, não nos é devolvido.

E é uma merda. É uma grandessíssima merda perceber que permitimos à vida destruir aquilo que somos. Aquilo que fomos.

Tiram-nos a inocência, a pureza, a vontade de acreditar. Destroem-nos irremediavelmente. E não há nada que possamos fazer.


segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Da realidade nua e crua...

Há exactamente uma semana atrás caiu-me a ficha.

Há uma semana atrás eu chorei. Chorei muito. Chorei o que ainda não tinha chorado e andava a acumular.

Há uma semana atrás eu cheguei a casa a sentir-me mal, a sentir-me doente, sem saber o que tinha. E percebi que estava sozinha.

Há uma semana atrás eu percebi que a última, e única, vez em que eu vivi sozinha foi há exactamente nove anos atrás.

Há uma semana atrás eu chorei, (quase) berrei, praguejei, enfiei-me debaixo dos lençóis, bati no fundo.

Há uma semana atrás eu achei que o meu mundo tinha acabado, que a minha vida era a pior, que nada fazia sentido, que tinha de voltar à terapia e à medicação.

Depois? Depois levantei-me, tomei banho, fiz o jantar e ainda pintei as unhas.


O Mundo lá fora não quer saber dos meus dramas existenciais. E eu também não.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Do Natal...

Eu vibro com o Natal. Eu adoro o Natal. Eu vivo o Natal intensamente.

Eu sou aquela que escolhe e compra presentes com dois meses de antecedência. Eu sou aquela que adora decorações de Natal. Que adora montar a árvore de Natal. Que delira com todo o espírito natalício.

E deliro também com os presentes. Com os que recebo. Mas, sobretudo, com os que ofereço.

E, confesso, não pude deixar de ficar de lágrima no canto do olho com o presente que acabei de preparar.

Por ser para quem é. Por tudo aquilo que representa.

Este Natal vai ser diferente. Vai ser difícil para alguns de nós. Este ano muita coisa mudou. A família encolheu. A família cresceu. A família viu quatro de nós partir para um país longínquo. Mas continuamos família. A nossa família.

E o Natal é, para mim, a família. Uns mais longe, uns mais perto. Mas somos nós. E temos de estar gratos pelo que temos. Pelo que somos. Pela nossa família.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Das mudanças...

A mudança não é fácil. Nunca foi, nunca será.

Decidir mudar, decidir alterar o que quer que seja, não é uma decisão tomada de ânimo leve.

Decidir mudar de emprego, de vida, de casa, de país, de penteado, até. Qualquer decisão de mudança tem o seu pesar.

Umas mais fáceis, umas mais difíceis. Umas mais impulsivas, umas mais ponderadas. Mas as decisões de mudança não são fáceis.

E arcar com as consequências das mesmas, ainda menos.

A incerteza, a dúvida, o não saber o amanhã. Tudo isso nos consome. Nos deixa sem chão. Com medo do que virá.

Não creio que algum dia tenha sido uma pessoa muito decidida. Nunca fui uma pessoa muito forte, o que sempre me levou a questionar as minhas decisões, as minhas mudanças. O que não quer dizer que não as assumisse e, que remédio, não aguentasse as suas consequências.

Mas ficam sempre as dúvidas. Do que podia ter sido. Do que será.

Perante a decisão de pôr fim a uma relação há duas questões que me preocupam, essencialmente. O reconhecimento do erro e as perspectivas do futuro.

Quando pus fim ao meu casamento, o que mais me custou, o que mais me faz hesitar, ponderar, duvidar, foi o reconhecimento do erro. Foi eu, perfeccionista, exigente, ponderada, obsessiva-compulsiva, ter que reconhecer que errei. Ter que admitir que as palavras até que a morte nos separe proferidas perante as pessoas mais importantes da minha vida, afinal foram um erro. O meu casamento foi um erro. E a partir do momento em que o soube, em que o admiti para mim, também sabia que tinha de o admitir para o mundo. Felizmente, mesmo com os meus receios, também não sou pessoa de me deixar estar numa situação que não me agrada, apenas para não admitir que errei. Errei, admiti-o, fiz alguma coisa por isso e mudei a situação. E aguentei-me.

Neste momento, a minha preocupação não tem a ver com o erro. Eu errei, ele errou, todos os dias pessoas erram. Eu assumo o erro e, mais uma vez, faço alguma coisa por isso.

Não, neste momento, o que me preocupa é o futuro. O meu futuro.

Assusta-me a ideia de não saber se conseguirei continuar nesta senda de tentativas-erro. Se conseguirei, se quererei, se terei forças para isso.

Crescemos com a ideia do mundo cor-de-rosa, do felizes para sempre, do amor infinito. E a realidade é abismalmente diferente.

E eu assumo os meus erros. Mas não me apetece assumir a realidade.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Dos dons que nos são dados...

Fico sempre surpreendida quando descubro alguém com mais capacidade do que eu para destruir coisas. Quem diz coisas, diz momentos, diz sentimentos, diz relações.

Eu sou uma destruidora por Natureza. Tenho esse dom. O dom de estragar aquilo em que mexo. O dom de arruinar o que de bom há na minha vida.

Por isso mesmo, surpreende-me muitíssimo que haja quem ainda o faça melhor que eu. Mas não é que há mesmo?

sábado, 30 de novembro de 2013

Das coisas em que acreditamos...

Sinto que ainda não fiz o luto que devia ter feito. Sinto que ainda não arrumei os meus fantasmas e o meu armário.

Não sinto, apenas. Sei.

E o problema de não o ter feito é que isso leva a que, em momentos despropositados, rebente e chore, chore, chore. Como há pouco, a ver o episódio em que a Mary e o Matthew finalmente se casam, em Downton Abbey.

Porque não pude deixar de pensar sobre a felicidade, o amor, o casamento. Porque não pude deixar de desejar um dia ter algo assim. Já me casei, é certo. O facto de não ter corrido bem não me fez deixar de acreditar no casamento. É certo que as minhas crenças estão cada vez mais abaladas. Mas ainda cá estão.

Ainda sonho com o casamento perfeito. Ainda sonho com a pessoa certa ao meu lado. Ainda sonho com a sensação maravilhosa de se estar a fazer a coisa certa. Ainda sonho com a ideia de acreditar.

Esta é a parte em que alguém me dá um safanão e me diz para deixar de sonhar e acordar para a vida real.

Quem me conhece talvez diga que sou uma pessoa fria, racional, pragmática, de pés na terra. Quem me conhece mesmo sabe que no fundo sou uma romântica, à procura do impossível. E é difícil encontrar um equilíbrio entre estas duas faces da minha pessoa.


No fim do dia, só queria encontrar a pessoa certa para mim. Não a pessoa perfeita. A pessoa certa.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Dos dramas das dietas...

Toca o telefone. É a directora financeira do estaminé.

- Olhe fui aí à sua gaveta e deixei-lhe um miminho. Eu costumo trazer para as minhas meninas e hoje trouxe também para si.

E o que era? Nada mais nada menos que uma bola de berlim. Com creme.

Quando eu digo que é impossível fazer dieta nesta casa, ninguém percebe. Agora juntem a isto o pico dos eventos, e almoços, e coffee-breaks, e comida maravilhosa dia sim, dia sim, e percebem o drama.

Lá para Janeiro penso em comer melhor...

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Das coisas que me intrigam...








O Damien Hirst lançou recentemente o livro ABC para crianças, em que representa cada letra do alfabeto com um trabalho seu.








Se eu já não gosto do trabalho dele, a ideia de transformá-lo em livro para crianças é qualquer coisa que me transcende...







Mas, como em tudo no mundo da arte, enquanto houver quem pague, o mercado vai andando, e o dinheiro vai circulando... Se calhar, sou mesmo eu que estou errada ao achar que não ofereceria este livro a uma criança. Se calhar.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Das balanças...

Tenho-me esforçado por me focar nas coisas negativas. É a maneira mais fácil de conseguir desligar e seguir em frente.

Não é por serem nossas que as decisões se tornam fáceis. Não é por sermos nós a querer dar um passo, que ele não custa.

E custa, e é difícil. E eu opto por esta estratégia de me focar nas coisas menos boas, para que não me custe tanto deixar tudo para trás.

Se é justo? Talvez não. Talvez me devesse focar nas coisas positivas para continuar nesta estrada. Porque a vida é assim. A vida tem momentos bons e momentos maus. Porque nada é perfeito. Porque vão existir sempre coisas negativas.

Mas espera-se que haja um equilíbrio. Faz sentido que haja esse equilíbrio. Aliás, só faz sentido se houver esse equilíbrio.


Se não há esse equilíbrio, se a balança pesa mais para o lado das coisas negativas, não vale a pena. Porque o peso das coisas negativas vai aumentando, e torna-se insustentável. Insustentável para a balança, que perde o seu equilíbrio, e para mim, que perco também o meu equilíbrio.

domingo, 24 de novembro de 2013

Dos nossos fantasmas...

Domingo de manhã. Levanto-me, ponho a chaleira ao lume, preparo um chá verde. Sento-me na poltrona, acendo um cigarro, ponho o portátil ao colo e escolho a banda sonora para o meu dia.

Acordei com vontade de escrever. Queria escrever uma carta. Uma carta a despejar todo o fel que sinto. Uma carta que sei que não iria enviar. Porque não seria justo. Lembro-me que a nossa necessidade de dizer coisas não deve nunca ser sobreposta às necessidades dos outros. A nossa necessidade de despejar rancores e frustrações, não deve ser transformada em maldade e egoísmo.

O que não é o mesmo que dizer que não devemos despejar esse fel. Escrever as nossas cartas. Gritar ao vento o que nos consome. Mas pode ficar só para nós.

A terapia ensinou-me que não podemos fingir que as coisas não aconteceram. A metáfora do armário, que tanto me irritava nas sessões de terapia, é, afinal, bem real.

Todos nós temos o nosso armário no sótão. Onde escondemos os nossos segredos, onde acumulamos a nossa tralha, onde enfiamos a nossa bagagem. E ela fica lá escondida, que fica, mas não desaparece. E vamos pondo mais, e mais, e mais, e um dia o armário rebenta. Ficam ali as portas escancaradas, com a nossa tralha a cair das prateleiras, com a nossa tralha espalhada no chão. E, aí, somos obrigados a pegar na tralha, a pegar nas coisas uma a uma, e a arrumá-las. E o problema é que se formos acumulando e acumulando e acumulando, o armário pode explodir na altura menos conveniente (e ele tem tendência a isso, a escolher os momentos menos próprios para explodir).

Não vale a pena fingir que as coisas não aconteceram. Não vale a pena esconder debaixo do tapete o que nos magoa e fingir que não se passa nada.

Dói, custa, mas é preciso mexer e remexer, e deixar tudo bem arrumado, numa gaveta perto de nós, e não no armário no sótão.

E é por isso que eu escrevo. É uma espécie de catarse. É uma forma de me obrigar a pensar sobre as coisas para, no fim, conseguir aceitá-las e compreendê-las.

Lidarmos com os nossos fantasmas é uma forma de nos prepararmos para o futuro. Por um lado, porque vamos mantendo o nosso armário arrumado. Por outro, porque ao aceitarmos o que acontece agora, torna-se mais fácil aceitar o que acontecer no futuro ou, em alguns casos, podemos mesmo evitar que se repita no futuro (dentro daquilo que é a nossa limitada capacidade de controlar o futuro).

A melhor forma de lidarmos com o que nos acontece, é aceitar que aconteceu. Fingir que não se passa nada, é apenas um penso rápido, numa ferida que todos os dias vai crescer mais, e mais, e mais. Até se espalhar por todo o nosso ser e destruir aquilo que somos. Não vale a pena, pois não?


Vou só ali escrever uma carta. Para depois poder esquecer.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Das memórias que me chegam pela comida...

Há dias comprei um pacote de línguas de gato. Coisa rara, por sinal.

Há pouco, enquanto as devorava sofregamente como quem devora a maior iguaria de sempre, não pude deixar de dar comigo a divagar e a regredir no tempo.

Comer línguas de gato é lembrar-me da minha avó.

Em casa da minha avó havia sempre línguas de gato. Línguas de gato que estavam num frasco de vidro na bancada da cozinha. Lembro-me como se fosse hoje. E talvez tenha sido há vinte anos.

Mas aquelas línguas de gato, tantas vezes roubadas às escondidas (É só uma, ninguém nota...), fazem parte das minhas memórias de infância e hão-de sempre fazer.

E eu hei-de sempre regressar à minha infância quando comer línguas de gato. E eu hei-de sempre lembrar-me da minha avó quando comer línguas de gato.

Porque é destas coisas ridiculamente simples que a vida é feita. Porque são estas memórias que ficam. Porque é destes bocadinhos de nada que todos nós somos feitos. Porque, no fim do dia, é das coisas ridiculamente simples que, por vezes, sentimos mais falta.

domingo, 17 de novembro de 2013

Da família...

A família é, para mim, uma das coisas mais importantes da minha vida. Diria mesmo, a mais importante.

Mas não por ser família. Não pelos laços de sangue que nos unem (ou não, até). Mas sim pelas relações que se criaram, que se alimentaram, que se construíram.

Porque eu também sou a primeira a dizer que as relações de sangue nada valem. Não é por partilharmos o sangue, que somos obrigados a partilhar mais alguma coisa.

Eu sou aquela que não fala com a própria mãe desde o dia de casamento do irmão. Já lá vão mais de dois anos. Eu sou aquela que, ao longo da vida, esteve muitos e longos períodos sem falar com essa mesma mãe. Eu sou aquela que, ao longo da vida, deu muitas segundas oportunidades, tentou outra vez, tudo em nome desses lanços de sangue. Do cliché Mãe, é mãe.

Esqueçam. Não há mãe, não há pai, não há irmãos.

Há pessoas. Há relações.

Por vezes, essas pessoas são mãe, pai, irmãos. E as relações são as melhores.

Por vezes, as relações são as piores. E essas pessoas são mãe, pai, irmãos.

O tempo ensinou-me quem eram as minhas pessoas. Quem era a minha família. E não foram as relações de sangue que me disseram isso.

O tempo ensinou-me que, no matter what, as minhas pessoas vão estar sempre lá.

E sim, são o melhor que tenho na vida. Não pelo nome da relação que nos une. Mas apenas e só pela relação que nos une.

E tudo isto para dizer... Não há paciência para relações de obrigação. É um desperdício de tempo, de vida. Temos de dar valor, isso sim, às relações que realmente importam. Sejam elas com quem forem...


terça-feira, 12 de novembro de 2013

Do passado... Do presente... Do futuro...

Nos últimos dois meses (Bolas! Já passou assim tanto?) este blogue esteve condenado ao abandono. Total e absoluto. Da minha parte, pelo menos. Que, estranhamente, todos os dias há umas dezenas de visitas que eu não percebo bem o que vêm cá fazer.

Dizia eu que abandonei o blogue. Deixei-o aqui, só e abandonado, a ganhar teias de aranha, pó, mofo.

E é uma trabalheira vir aqui limpar essas teias de aranha, esse pó, esse mofo.

É como aquelas coisas que enfiamos no fundo da arrecadação e que, quanto mais tempo passa, menos vontade temos de lhes voltar a mexer. E quanto mais tempo passava, mais difícil me parecia o meu regresso aqui.

Fica sempre aquela sensação de obrigação de justificação da ausência prolongada. Gosto desta sequência: "sensação de obrigação de justificação".

Mas pois que não me apetece justificar-me. Não assim, a frio. Creio que o que aqui escrever nos próximos tempos, falará por si.

Quanto à justificação do regresso é simples. Preciso de voltar a escrever. De deitar cá para fora. De despejar. De pôr por escrito as coisas que não ouso dizer. De deixar registado aquilo de que não me quero esquecer. Porque este blogue foi, é, e há-de continuar a ser o meu diário.

E como os diários não falam (pelo menos os meus nunca me responderam ao longo de anos e anos), os comentários serão desactivados por tempo indefinido.

Só porque sim. Porque sim e porque é altamente provável que este blogue entre em modo depressivo, destrutivo, contemplativo, introspectivo e mais outras tantas coisas acabadas em "-ivo".

Ou só mesmo porque sim.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Do futuro...

Depois de ver o post da S*, decide-me finalmente a inscrever-me no FutureMe.

Se não estou em erro, a primeira vez que ouvi falar neste projecto foi na série How I Met Your Mother. Na altura, explorei o site mas não escrevi nada.

Hoje, já escrevi duas cartas para o futuro. E algo me diz que vou continuar. Ide lá, ide!

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Do olfacto...

A Cookinha tem genes de cão. Só pode. Só isso explica que, estando ela na sala, largue a correr e a miar como se o Mundo fosse acabar, só por que eu abri uma lata de atum na cozinha.



Depois falem-me em olfacto canino... Se alguém quiser ir à pesca de atum, eu empresto a Cookinha.

domingo, 1 de setembro de 2013

Do que é um bom Domingo...

Um bom Domingo é estar no sofá de casa dos pais, com o meu kindle e a cadela mais avariada do mundo, a beber gins. A cara metade anda a ajudar o sogrinho a acartar electrodomésticos vários. Fica-lhe bem este convívio fofo com o sogro. E a mim fica-me bem o descanso.


sábado, 31 de agosto de 2013

Da questão de ter ou não ter filhos... - III

Estou sozinha em casa com os meus dois enteados (de 7 e 12 anos). E sobrevivo.

Consegui orientar o jantar, comeram sem chatear muito, brincámos quando era para brincar, acataram ordens quando era para acatar.

Agora estão a tentar matar-se aqui à minha volta, com lutas e pontapés. O tapete está a metros do sítio que era suposto. As almofadas andam a passear. Falam, berram, riem.



Acabei de lhes dizer que já tiveram dez minutos para aparvalhar e que agora chega. E eles acalmam-se e querem jogar à mímica.

Talvez não seja assim tão difícil, essa coisa de ter filhos.


Da minha missão (quase) impossível...

Agora que tenho o kindle, tenho mesmo de acabar Os Miseráveis. Já não há desculpa!


sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Do melhor Pai do Mundo e das coisas pelas coisas me sinto grata...

O melhor Pai do Mundo é o meu. Peço desculpa a todos os que achavam que tinham o melhor Pai do Mundo por este banho de realidade mas é a verdade. O melhor Pai do Mundo é o meu.

Por muitos e variados motivos mas também por ontem, só porque sim e sem eu estar à espera, me ter oferecido o meu adorado e desejado Kindle.

Sim, eu tenho um kindle. Ainda não tem uma capa cor-de-rosa fofinha, mas já é muito fofinho. E tenho o melhor Pai do Mundo.

E hoje é dia de sentir-me grata por isso. Sentir-me grata pelas coisas boas da minha vida. Pelas minhas pessoas. Pela minha família. A família mais disfuncional que conheço, mas que vai funcionado.

A família que hoje assiste a mais um casamento. O do meu irmão do meio. O filho mais velho da minha boadrasta. E eu só espero que o casamento dele seja muito feliz e que dure mais que o meu (que ontem devia ter feito quatro anos, mas nem dois durou).

Sinto-me grata também pelas coisas que a vida me ensinou. Sinto-me grata por não ter deixado de acreditar em coisas como o amor, o casamento, a felicidade.

Nem sempre, mas hoje sinto-me grata por existir.

Vão lá ser felizes e aproveitar o fim-de-semana e as vossas pessoas, que eu vou trabalhar umas horinhas para depois activar o modo casamento.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Do optimista que eu sou...

De cada vez que tenho de fazer uma análise SWOT, encontro mil strengths e opportunities e zero weaknesses e threats (isto assim fica estranho, mas traduzido fica pior, acreditem).

Da questão de ter ou não ter filhos... - II

Para muitas mulheres esta questão não se coloca. É óbvio que, mais tarde ou mais cedo, vão querer ter filhos. Faz-lhes todo o sentido, é lógico, é natural. Está-lhes no seu ser.

Eu não faço parte deste grupo de mulheres. Eu nunca disse categoricamente que um dia ia ter filhos. Já muitas vezes, pelo contrário, disse que não os ia ter. Hoje em dia, já não sou tão veemente nessa afirmação. Já não o digo como uma decisão irrevogável (palavrinha que ganhou todo um novo significado graças ao nosso amigo Portas). Hoje em dia, já digo que não sei se algum dia quererei ter filhos. Porque não sei.

Não me imagino a ter filhos, não me imagino a ser mãe. Não está nos meus planos, nos meus sonhos, nos meus desejos. Mas a idade ensinou-me que a vida não tem planos e que os nossos sonhos e desejos mudam. Mudam muito, a toda a hora.

Por isso não sei. Mas algum dia vou ter que descobrir, não?

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Da questão de ter ou não ter filhos... - I

Ultimamente, e cada vez mais, tem sido crescente à minha volta a pressão para eu engravidar.

Aparentemente, eu sou mesmo a única a não querer. Dado que, em última e em primeira análise, a decisão é minha, deixo-os falar.

Mas o crescimento do meu mioma obriga-me a pensar melhor sobre isto... Ainda que em muitos casos um mioma não chateie nada, e se consiga engravidar, e a gravidez corra lindamente, há casos em que o processo se dificulta. E há casos também em que o crescimento do mioma leva a outras soluções.

É precoce preocupar-me demasiado com isto. Até porque eu sabia que, mais tarde ou mais cedo, esta questão surgiria. Avó, mãe e tias, passaram por isto. E acabaram na histerectomia. Mais velhas, claro, já depois de terem filhos, mas acabaram aí. Eu sempre achei que do lado da minha mãe não vinha nada de jeito. E a minha herança genética é prova disso. Mas não pude escolher a mãe que tenho e resta-me aguentar-me.

Resta-me também pensar nessa questão de querer, ou não, ter filhos. Porque se decidir que não quero mesmo ter, então o mioma pode continuar na vidinha dele, que quando chegar a hora logo se resolve. Se quiser... Pois que então o mioma pode ser uma preocupação.

No meio disto tudo, nada disto interessa, que eu tenho é que ir ao médico e falar com quem, realmente, percebe do assunto. Tudo o resto são suposições que não fazem outra coisa senão deixar-me com macaquinhos na cabeça.

E convenhamos, o meu cérebro já é limitado que chegue. Não precisa de macaquinhos a baralhá-lo ainda mais.

Os devaneios Agridoces mais lidos nos últimos tempos...