sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Dos apertos no peito...

O meu dia hoje começou em Monsanto. No canil/gatil de Monsanto, mais especificamente.

Não é fácil. Por muitos e variados motivos, não é fácil.

Para mim, não foi fácil por motivos pessoais, por levar a minha Cookie e por deixá-la lá.

Mas, com Cookie ou sem Cookie, não é fácil. Não é um espaço fácil. É um espaço angustiante, frio, assustador, claustrofóbico e opressor.

Já tinha uma vaga ideia do que me esperava. Mas nunca é o mesmo que lá ir. Estar lá, é muito diferente de imaginar o que será lá estar.

Entrei angustiada, mantive-me angustiada, e saí de lá angustiada. 

Sempre levei as minhas pulguentas a clínicas privadas de veterinária. A Lady, a Amora e a Amy, foram todas esterilizadas na mesma clínica, com a mesma veterinária, de quem eu gostava muito. Além da evidente diferença nas condições físicas, há uma evidente diferença nas condições humanas.

Eu sei que não deve ser fácil. Quero dizer, não sei. Só imagino. Eu era incapaz de trabalhar ali. Com aquele ladrar constante, com os uivos de dor, com os miados de aflição. Não era capaz. Estive lá uma hora e saí de lá com um nó na garganta e as lágrimas nos olhos.

Bolas, deve ser difícil. Muito difícil. E deve obrigar a criar muitas defesas. Deve obrigar a que se criem mecanismos para que se encare aquilo com o racionalismo a que obriga. Mas custou-me. Custou-me o distanciamento, custou-me o espírito de "vamos lá despachar mais um". Eu sei que eles têm dezenas de animais, que vêem os maiores horrores, que fazem dezenas de operações destas. Eu sei. 

Mas custa-me, pronto. É a minha Cookie. E custa-me.

Fui eu que optei por a levar lá. Foi uma decisão minha. Uma vez que ela foi adoptada lá, tinha direito a ser esterilizada lá. E a verdade é que os 150€ que eu pagaria na clínica do costume, fazem diferença nesta altura. E eu optei por aproveitar a oportunidade de fazer a esterilização lá.

Mas tenho um aperto no peito, uma sombra no meu estado de espírito, um nó na garganta, que dinheiro nenhum compensa...


4 comentários:

  1. é não deve ser nada fácil mesmo...às vezes era óptimo se o mundo pudesse ser perfeito para que estas situações não existissem...

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  2. eu também nunca seria capaz de trabalhar num local desses...
    nem numa associação de apoio a animais... os contactos que vou tendo com elas deixam-me de rastos... por isso admiro IMENSO as pessoas que todos os dias lutam por dar uma vida digna aos animais que não têm sorte...

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    1. Eu já participei em campanhas de recolha de donativos, e fui FAT duas vezes. É o mais próximo que tenho... E posso dizer-te que gostei muito da experiência de ser FAT mas, presunções à parte, sei que não é fácil para muita gente. Mas, para mim, a sensação de ter feito o bem é mil vezes superior à da ausência depois do hábito...

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  3. Também já participei em recolhas de alimentação junto dos supermercados [e mesmo aí fiquei chocada com os comentários que as pessoas faziam...], faço donativos mensais para 3 associações aqui mais próximas e também vou sendo FAT... Aliás, neste momento estou como FAT desta menina: https://www.facebook.com/media/set/?set=a.10151158269847300.463885.544622299&type=3 e é a primeira vez que estou a ter dificuldade em arranjar dono... :s

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