sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Dos retratos de um país em crise...

Saio do trabalho. Vou levantar dinheiro para ir comprar tabaco. Saio do banco e penso: "vou ali à ABEP que a senhora é muito fofinha.".

Está um calor que não se aguenta, olho para o lado e está uma tabacaria. Ainda hesito, mas penso que o calor é mais forte do que a Senhora Fofinha.

Agridoce - "Boa tarde. Queria dois maços de Chesterfield."
Senhor, olhando para a nota de dez euros na minha mão - "Ahhh... Não tem mais pequeno? Notas de cinco ou moedas?"
Agridoce - "Não, levantei agora, só tenho isto."
Senhor com um ar miserável - "Ahhh... É que eu não tenho troco para isso..."

Senhor a olhar para os lados como se se fossem materializar trocos ali ao lado.

Agridoce - "Deixe estar, obrigada."

Fui à ABEP. Não estava a Senhora Fofinha mas estava o marido. Deu-me o que eu queria, não hesitou perante a minha nota (estamos a falar de dez euros para pagar sete e quarenta...) e ainda me desejou uma boa tarde e um bom fim-de-semana.

E é isto. É o país que temos. Numa das zonas mais movimentadas da cidade, temos de pedir por favor para comprar uma coisa. Depois venham dizer que isto está mau.

4 comentários:

  1. Sabes o que eu penso sobre a Crise e tal e tal ? Eis os meus pensamentos:

    1- A minha crise é sempre a mesma: toda a vida tive que fazer contas e isso para mim portanto não é novidade.

    2- Crise, crise mas não há cão nem gato que não tenha telemóveis que fazem tudo menos torradas (é só o que falta), ao preço de um ordenado (ou mais) incluindo crianças. Ao que isto chegou.

    3- Com a desculpa da Crise fecham-se algumas empresas porque dando-se como insolventes...adivinha...não precisam pagar o que devem. Daqui por uns tempos (quando deixarem de ser vigiadas logo abrem noutro local, com outro nome).

    4- Crise, crise mas a semana passada tentei trocar 20 euros que tinha em moedas pequenas mas nem no café, nem na padaria,nem em lado algum me quiseram trocar.

    5- Crise, crise mas na minha rua estão casas para alugar por preços que não valem e pensas que baixam ? Não. Algumas estão já há mesesssss e nem pensar em baixar. Preferem te-las fechadas. Nota-se a necessidade, não se nota ?

    6- Crise, crise...mas há mais de 4 meses que uma loja aqui perto pede uma costureira. Não há. Não aparece ninguém. Na papelaria tal e qual.

    7- Crise, crise, mas...a minha mãe precisou de alguns serviços na área dos cuidados familiares e...pasme-se...uma menina de 35 anos (desempregada e a queixar-se todos os dias) não podia porque não era coisa que gostasse. Pois...claro...antes morrer de fome do que fazer algo que não se gosta. Mais nada.


    Nem me falem em crise que fico logo passada. A verdade também é que esta malta [salvo raras excepções] também se habituou MUITISSIMO MAL. Agora dói, não dói ?! Mas mesmoooo assim...ainda há quem se esteja a lixar para trabalhar.

    Só lamento por aqueles que efectivamente querem e não podem. Esses sim têm o meu respeito.

    Beijinho

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    1. Verdade de uma ponta à outra. Nós merecemos o que temos. Nós, o País. Há excepções, há novas mentalidades, há novas ideias, há novas atitudes. Mas a mentalidade que impera ainda é de falar muito e fazer pouco.

      Também já passei por isso: precisar de pessoas para trabalhar, e ninguém querer. É o país que temos.

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  2. Concordo com a quotidianos há muito boa gente que prefere tar em casa a receber o subsidio de desemprego do que estar a trabalhar por uns míseros trocos (se for preciso o mesmo que recebem de fundo de desemprego), mas não deixam de comprar Iphones ou Ipad's e depois é vê-los nas filas dos centros de emprego entretidos com os seus gadjets de 400€ ou mais!!!
    O mais engraçado ainda é a historieta do Pingo Doce...porquê perguntam vocês? Porque o meu marido foi no outro dia às compras e a senhora da caixa não lhe queria dar quase 3 euros de troco porque não tinha, portanto mais uma vez é a lei do salve-se quem puder, implementam as cenas, não se pode pagar por multibanco, ok tudo bem...se não tem troco agora os empregados que se virem!!

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    1. Aí o problema é dos dois lados: do sistema que permite isso; da mentalidade das pessoas que preferem estar encostadas em casa sem fazer nenhum. Presunção à parte, mas eu dava em doida se estivesse muito tempo em casa sem fazer nada, sem me sentir útil. Mas isto sou eu...

      Esse é mais um exemplo do país que temos... Só para rir!

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