quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Do ontem...

Ontem peguei no meu carrito, numa Catarina emprestada, e lá fui eu até Oeiras. Coisa simples? Olhe que não, olhe que não.

Isto de ir a Oeiras é, para mim, como ir assim numa missão super importante. É como ir a outro país.

Mas lá fui. E até consegui enganar a Catarina quando me meti pela marginal em vez de ir pela A5 para poupar os euros da portagem. Mas a verdade é que ela me conseguiu enganar quando me fez dar algumas quatro voltas ao quarteirão do sítio onde eu queria ir.

E onde é que eu queria ir?

Ao Centro Cultural Palácio do Egipto. Só o nome, já intimida. Imaginamos logo uma coisa monumental, com pirâmides e túmulos. Mas não. Não é por aí.

Depois de umas quantas voltas, lá cheguei. Não paguei o parquímetro porque a máquina não estava a funcionar e estava demasiado calor para andar à procura de outra. Pensamento positivo e pode ser que os senhores de Oeiras sejam mais simpáticos que os de Lisboa.

Lá fui. À entrada, na compra do bilhete, uma senhora que insistiu para eu ver bem o preçário porque podia ter direito a desconto. E eu lá lhe disse que, por dois euros, não queria desconto nenhum.

Ah! Espera. Bilhete para quê mesmo? Para a exposição “O Jardim das Maravilhas” de Joan Miró.

Eu oiço falar de Miró e lá vou eu a correr. Só mesmo o Miró para me fazer ir em busca de um Palácio em Oeiras. Mas ia valer a pena. Tinha de valer a pena.

De bilhete na mão, lá fui. Subi as escadas de acesso à galeria e dou por mim na exposição propriamente dita.

Mas não estava sozinha. Dois grupos de criancinhas estavam a fazer visitas guiadas. E eu, que tenho tudo a favor das criancinhas visitarem os museus desde cedo, dei por mim a rogar-lhes pragas pelo barulho que faziam. Não era má ideia que, além de lhes incutirem o gosto pela arte desde cedo, lhes incutissem o respeito pelo silêncio. Digo eu.

Criancinhas à parte, comecei a ver a exposição. Na primeira sala, vi uma série de litografias. Vi uma, depois outra, depois mais outra, depois não via bem porque as criancinhas estavam à minha frente, depois vi outra, e mais outra, e mais outra. Muitas litografias depois, pensei para mim "ok nesta sala estão as litografias, mas na outra há pinturas a sério". E, crente nesta convicção, lá passei à sala seguinte.

Na sala seguinte, a par com mais um grupo de criancinhas, estavam mais uma série de litografias. E mais, e mais, e mais, e mais. Desta vez, eram litografias sem legenda. Muito melhor, portanto.

Entretanto, vi uma senhora passar com o que parecia ser um catálogo na mão, e lá me decidi a voltar à entrada em busca desse catálogo. Já que não havia legendas, guiava-me pelo catálogo.

E assim fiz.

De volta à galeria, continuei a ver as litografias. E mais litografias. E ainda mais algumas. Quando já só faltava um corredor, eu achei que ia ser ali. Mas não. Eram mais litografias.


Não tenho nada contra as litografias. Que não tenho. Tomara a mim ter um bocadinho que fosse de uma litografia do Miró na minha sala. Mas confesso que estava à espera de mais. Quando se pensa numa exposição de um determinado pintor, pensamos em pinturas. É um raciocínio bastante válido, parece-me.

E, por isso, fiquei a modos que desiludida.

Claro que é sempre bom ver obras de Miró ao vivo e a cores. E é sempre importante que se façam mais e mais exposições de arte contemporânea e de artistas estrangeiros. Mas isto é quase publicidade enganosa...

Meio desgostosa, voltei ao meu carrito. Que ainda lá estava, inteiro e sem multas. Obrigada aos senhores de Oeiras.

Próximo plano? Fazer qualquer coisa para preencher as duas horas que faltavam até à hora de ir trabalhar. O que é que eu faço? Vou comprar um gelado ao McDrive (sim, sim, eu sou dessas). Pego em mim e no meu carrito, e páro numa praia qualquer.

Só eu, o meu gelado e o mar. E estivémos muito bem, diga-se.


E depois, trabalhinho e espirros e lenços de papel às toneladas e yada yada yada, coisas que não interessam a ninguém (como se as outras interessassem). Litografias à parte, lá vi "uns Mirós" e valeu pelo gelado e pelo mar.

2 comentários:

  1. Deixa-me dizer que gosto muito da forma como te expressas, adorei este post, e compreendo perfeitamente a tua frustração, valeu a pena teres ido lá, mais que não seja pelo gelado :)))

    Beijocas

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  2. Pipita e tiveste paciência para ler tudo? Nem eu tinha eheheh :)) Obrigada, mesmo! É sempre bom saber que há quem leia e, melhor ainda, goste do que escrevemos :)

    Um beijinho!

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